A venda de caminhões movidos a etanol coloca o tema de volta à pauta do setor
16-05-2016

Caminhões da Scania adquiridos pela Clariant utilizam motor diesel de 8,9 litros adaptado para rodar com 95% de etanol e 5% de Master Batch 95

O tema sobre caminhão movido a etanol não é novidade no setor sucroenergético. Na verdade, profissionais do Grupo de Motomecanização da Cana-de-Açúcar, há muito tempo pedem o desenvolvimento de tecnologia que torne viável economicamente o uso de etanol nos motores de caminhões, colhedoras de cana e tratores. O que permitiria não só redução de custo, mas também ganho ambiental, tornando a cadeia sucroenergética ainda mais verde.

A Iveco, empresa que faz parte do grupo CNH, é uma das montadoras que têm trabalhado a tecnologia, chegou até a apresentar em uma das edições da Agrishow, em Ribeirão Preto, um caminhão movido a etanol que estava em teste na Raízen, o assunto chamou a atenção, mas com a crise deu uma esfriada.

No entanto, esta semana, volta à tona com o anúncio de que a Scania vendeu à fabricante de produtos químicos Clareant três caminhões P 270 4x2 movidos a etanol. Chamados de Ecotrucks, os veículos utilizam motor diesel de 8,9 litros adaptado para rodar com 95% de etanol e 5% de Master Batch 95, um aditivo com propriedades antidetonantes e antioxidantes fabricado no Brasil pela empresa química e emitem 91% a menos de gás carbônico que os equivalentes a diesel.

Os caminhões rodam dentro da Clariant carregando tanques com 25 mil litros. Eles atendem o Proconve P7 sem utilizar Arla 32 e emitem 91% a menos de gás carbônico (CO2) que os veículos equivalentes movidos a diesel.
A Clariant não informou os gastos com o uso de diesel versus o etanol com aditivo, mas dados obtidos com a Scania demonstram que o desembolso com o combustível de origem vegetal e aditivado é bem superior ao com diesel.
No exemplo de uma viagem de São Paulo a Ribeirão Preto, o gasto com etanol ED 95 é 58% mais alto que o de diesel S10 mais Arla 32 num caminhão com Peso Bruto Total Combinado (PBTC) de 40 toneladas.

“Nosso objetivo não era a economia de combustível, mas comprovar nossa tecnologia”, afirma o gerente de sustentabilidade da Clariant para a América Latina, Paulo Itapura. “O que posso dizer é que os caminhões atendem nossos requisitos de emissões e estamos felizes com os resultados obtidos.”

Cada um dos três Scania P 270 opera de segunda-feira a domingo, entre 300 e 350 horas por mês, levando matérias-primas e produtos acabados de um canto para outro na unidade de Suzano. A distância percorrida é baixa, cerca de mil quilômetros por mês cada um.

A produção local do aditivo Master Batch ED 95 foi essencial para a viabilidade do projeto pela otimização de custos e de logística. Ele permite que motores desenhados para consumir diesel utilizem etanol hidratado, ajustando as características do combustível às necessidades do motor para obter um bom funcionamento do veículo.

Além de utilizar o aditivo da própria Clariant, os caminhões já consumiram etanol feito numa unidade pré-comercial em Straubing, na Alemanha, a partir de bagaço de cana brasileiro. A empresa detém know-how para produzir etanol celulósico ou de segunda geração com custo inferior ao do álcool de cana-de-açúcar.

Vale dizer que o aditivo ED 95 também pode ser utilizado com o mesmo álcool hidratado que é distribuído nos postos. Esse combustível é fornecido para as empresas de ônibus MobiBrasil e Tupi, que em 2011 começaram a fazer transporte urbano com veículos equipados com o mesmo motor Scania dos Ecotrucks.
“O exemplo da Clariant está levando ao interesse de outras empresas, que já consultam a Scania sobre a solução”, afirma o gerente de desenvolvimento de negócios da Scania no Brasil, Celso Mendonça.
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