ABISMO: Preços do açúcar fecham na menor cotação desde 2009
16-03-2015

O açúcar foi comercializado na bolsa de Nova York, na última sexta-feira (13), na menor cotação desde janeiro de 2009. Segundo analistas de mercado, as quedas se sustentaram pela desvalorização do real ante o dólar e por fatores climáticos que dão conta de que as chuvas previstas para o Brasil e a Índia, os dois maiores produtores mundiais, devem recuperar parte das perdas nas lavouras de cana-de-açúcar, o que projeta uma safra maior da commodity.

Os negócios na bolsa de NY fecharam cotados a 12,70 centavos de dólar por libra-peso no vencimento maio/15, queda de 51 pontos no comparativo com a véspera. No vencimento julho/15 a queda foi de 56 pontos e em outubro/15 e março/16, a desvalorização atingiu 60 pontos cada.

Analistas ouvidos pelo jornal Valor Econômico desta segunda-feira (16), destacam que a "derrocada do real encoraja as vendas de açúcar pelos produtores brasileiros, na medida em que aumenta a rentabilidade com as exportações". O excesso de produto sendo comercializado, por sua vez, derruba as cotações, na já antiga lei de mercado da oferta e procura.

Para o economista Arnaldo Luiz Corrêa, da Archer Consulting, "com o dólar atingindo 3.2600 nesta última sexta-feira, não poderia se esperar outra reação no mercado futuro de açúcar que não fosse uma enorme desvalorização. Faz sentido que seja assim. Como temos falado quase que à exaustão..., o que interessa para as usinas capitalizadas e com gestão e governança, é o valor em reais por tonelada. E esse tem alcançado níveis bem acima do custo médio de produção das usinas".

Segundo os dados da Archer Consulting, o fenômeno (dólar alto e maior oferta de açúcar), deve continuar acrescentando "lenha na fogueira, potencializando a queda", da commodity. Corrêa ainda destaca que o efeito "Dilma-Petrobrás-Dólar", seja outra bola em jogo, que pode influenciar ainda mais nas cotações.

"O fechamento do primeiro vencimento do contrato futuro de açúcar em NY, o maio/2015, foi de 12.70 centavos de dólar por libra-peso, uma queda de 74 pontos na semana, ou o equivalente a 16.30 dólares por tonelada. A taxa de câmbio, no entanto, negociava a 3.2600 reais no fechamento do mercado de açúcar. Assim, o ajuste no encerramento equivale a R$ 950 por tonelada. Na semana anterior, NY e câmbio fecharam, respectivamente a 13.44 centavos de dólar por libra-peso e 3.0495 reais, ou R$ 940 por tonelada. Resumindo, o mercado fechou em alta em reais", destacou o economista em seu artigo "Sob Dilma, dívida do setor dispara".

O aumento do dólar, por sua vez, faz crescer também, como analisou Arnaldo Luiz Corrêa, a dívida das usinas. Segundo ele, em 2012, com levantamento do banco Itaú BBA, a dívida do setor era de R$ 48 bilhões, e hoje, com o dólar na estratosfera, supera a casa dos R$ 85,4 bilhões.


Londres

As cotações do açúcar na bolsa de Londres, na última sexta-feira também fecharam com desvalorizações recordes, que oscilaram entre 8,40 a 13,90 dólares a tonelada. No vencimento maio/15, a commodity foi negociada em US$ 362,70, baixa de US$ 8,40 no comparativo com os preços da véspera.


Mercado interno

Maior oferta de açúcar para o mercado externo, por sua vez, fizeram as cotações do açúcar dentro do Brasil fecharem com ligeira alta de 0,02% na sexta, com negócios firmados, segundo índices do Cepea/Esalq, da USP, em R$ 51,23 para a saca de 50 quilos do tipo cristal.

Rogério Mian