Acordo entre governo e iniciativa privada busca dar mais previsibilidade ao mercado de fertilizantes
08-09-2025

A Secretaria de Política Agrícola (SPA) do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) firmou um acordo de cooperação técnica com a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), com o objetivo de estreitar a colaboração entre o setor público e o privado. A assinatura ocorreu na última semana, durante o 12º Congresso Brasileiro de Fertilizantes, em São Paulo, com a presença do secretário Guilherme Campos e do presidente do Conselho de Administração da Anda, Eduardo de Souza Monteiro.
De acordo com Campos, a medida pretende dar ao produtor rural maior previsibilidade na negociação de preços. “Hoje o valor dos fertilizantes é formado fora do Brasil, e o produtor não sabe se o preço vai subir ou cair. Com o acordo, será possível indicar tendências de mercado e apoiar negociações mais vantajosas”, afirmou. Essa melhoria virá a partir do aprimoramento das estatísticas setoriais e do intercâmbio de informações entre os setores público e privado.
O acordo prevê ainda incentivo ao desenvolvimento de bioinsumos, geração de conhecimento estratégico e mobilização de recursos para a sustentabilidade. Um dos pontos destacados é a comparação da pegada de carbono de produtos nacionais e importados, já que insumos de baixo carbono tendem a ter maior valorização no mercado global.
Além disso, o processo de ajustes regulatórios no setor passará a seguir um fluxo institucional e pré-definido, de modo a alinhar demandas prioritárias com maior eficiência e transparência.
Desafios e projeções
No congresso, especialistas apresentaram projeções para o consumo de fertilizantes até 2050, em cenários conservador, pessimista e otimista. O cenário mais positivo prevê, para 2035, 61,5 milhões de toneladas/ano de consumo.
Os desafios, no entanto, permanecem expressivos: dependência externa: 85% do consumo nacional é importado; tecnologia: 90% das soluções aplicadas são estrangeiras e pouco adaptadas ao clima tropical e logística: 47% dos fertilizantes entram pelos portos do Sul e Sudeste, embora o maior consumo esteja no Centro-Oeste.
Também foi apresentado o programa Caminho Verde Brasil, instituído em dezembro de 2023, que prevê a recuperação de até 40 milhões de hectares de pastagens, sendo 28 milhões aptos para a agricultura intensiva — fator que deve ampliar a demanda por fertilizantes.
Outro destaque foi a tecnologia de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), apresentada por Francisco Matturro, presidente executivo da Rede ILPF. O modelo permite combinar diferentes atividades produtivas na mesma área, aumentando a produtividade, promovendo o sequestro de carbono, o bem-estar animal e a geração de renda sustentável.
Campos reiterou que o Mapa tem buscado atuar de forma proativa e estratégica para apoiar os produtores, seja pelo Plano Safra, seja por ajustes regulatórios que protejam a competitividade do setor.