Açúcar adoça 2020 e salva o setor sucroenergético no ano da Covid-19
02-12-2020

No ano, o volume total consumido do biocombustível contabiliza redução de 15,3%, com total de 15,61 bilhões de litros de etanol hidratado

Não é de hoje que dizem que a capacidade de mudar o mix de produção favorecendo o açúcar ou o etanol, dependendo das tendências de mercado, é um grande diferencial das unidades sucronergeticas que produzem tanto o adoçante como o combustível.

E foi o que ocorreu em 2020, preços melhores do açúcar e o reforço do dólar valorizado impulsionaram maior destinação da cana para a produção de açúcar. Segundo a União da Indústria de Cana-deAçúcar (Unica), no agregado desde o início da safra, a produção de açúcar atingiu 37,66 milhões de toneladas, ante 26,07 milhões de toneladas em igual período de 2019.

O bom desempenho do açúcar, salvou a queda de consumo de combustíveis em decorrência da pandemia da Covid-19. A Unica informou que No acumulado de janeiro a outubro, as vendas de combustíveis leves continuam aquém do volume comercializado em 2019, com total de 39,8 bilhões de litros de gasolina equivalente comercializados (retração de 10,1%).

Em outubro foram consumidos 4,698 bilhões de litros de gasolina equivalente pela frota de veículos leves (ciclo Otto). O volume é 1,32% inferior ao registrado no mesmo mês do ano anterior e representa a menor retração mensal na comparação com 2019 desde o início da pandemia.

A participação do etanol hidratado e do etanol anidro no ciclo Otto no mês foi de 47,32%. No acumulado desde o início do ano até outubro, a representatividade dos biocombustíveis é de 47% frente ao índice de 48,3% no mesmo período no ano de 2019. O consumo de hidratado somou 1,87 bilhão de litros em outubro, queda de 9,13% quando comparado ao volume registrado no mesmo mês de 2019.

No ano, o volume total consumido do biocombustível contabiliza redução de 15,3%, com total de 15,61 bilhões de litros de etanol hidratado. Já a gasolina, pelo segundo mês consecutivo, apresenta aumento em relação ao consumo do ano anterior. O volume comercializado em outubro de 2020 foi 2,1% superior ao volume de outubro de 2019. No acumulado do período, as vendas do derivado retraíram em 7,9%.

“O crescimento do consumo de gasolina e a queda na demanda de etanol hidratado é explicada, entre outros fatores, pela maior recuperação das vendas de combustíveis leves na região norte-nordeste onde a competitividade do biocombustível é menor”, explica Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da UNICA.

“Neste momento em que o mundo todo discute a retomada verde, é importante destacarmos as vantagens do etanol para a redução de emissões de gases de efeito estufa e de poluição em grandes metrópoles”, acrescenta Rodrigues.

Enquanto isso, o açúcar continuará adoçando o setor, pelo menos nas duas próximas safras. As operações de hedge estimadas pela Archer Consulting para a próxima safra já representam o maior percentual de fixação de açúcar fechado até outubro para uma safra seguinte desde que a consultoria começou a fazer o cálculo, na temporada 2012/13. Em 2016/17, quando os preços do açúcar atingiram picos elevados na bolsa de Nova York e também estimularam fixações antecipadas, o percentual de fixação para a safra 2017/18 chegou a 30%.

Os cálculos atuais da Archer Consulting foram baseados na estimativa de que 25 milhões de toneladas de açúcar serão exportadas pelas usinas brasileiras na próxima safra. Foram hedgeadas 11,25 milhões de toneladas, a um preço médio de 12,50 centavos de dólar (sem prêmio de polarização). Com o prêmio, posto no porto de Santos, o preço médio de embarque ficou em R$ 1.541,97 a tonelada.

Fonte: CanaOnline