Açúcar e etanol. O que esperar nesta entressafra de 2020/21?
16-12-2020

Para a entressafra, dois efeitos vão contaminar os preços do açúcar no mercado interno. E os dois são baixistas

 *Julio Maria M. Borges 

O avanço das vacinas para o Covid-19 traz esperança e entusiasmo aos mercados. A eleição de Joe Biden, que acabou com a apologia do conflito e está reduzindo incertezas e a aversão ao risco, além da sinalização de mais estímulos fiscais, tudo isto traz mais otimismo. O avanço da “segunda onda” e as medidas para sua contenção vêm na contramão deste otimismo. De forma geral, o sentimento é de uma melhora gradativa para a economia global.  

CâmbioPara a entressafra podemos considerar que a taxa de câmbio no Brasil sofra os efeitos da queda do US$ perante outras moedas, em função da redução de incertezas, e do fluxo de entrada de capital externo. Esta condição tem contribuído para a apreciação do Real. Por outro lado, sustos de natureza fiscal ou sócio-política provenientes do Governo Federal brasileiro ainda trazem volatilidade ao câmbio. Desta forma, pode-se esperar no médio prazo uma taxa de câmbio oscilando entre 5,15 e 5,30 R$/US$, ainda volátil.  

Petróleo WTI: No momento temos maior otimismo em relação a recuperação econômica global e a uma melhora no consumo de petróleo. Neste ambiente nossa expectativa para esta semana é de preços relativamente estáveis com viés de alta.

Para a entressafra podemos esperar preços médios mensais de petróleo WTI entre 42 e 45 US$/barril. Estã fundamentando esta faixa de preços dois argumentos principais. O primeiro, altista, é uma retomada da demanda e da atividade econômica devido ao apoio dos governos e a um melhor controle da pandemia do Covid 19. Em ambos os casos, esperamos uma retomada cautelosa pois o desemprego e a situação fiscal debilitada dos governos são fatores limitantes.

O segundo argumento, baixista, é o excesso de oferta de petróleo, que só se mantém com preços firmes devido ao controle da oferta pela OPEP +.  E sabemos que controle artificial de oferta não dura para sempre. 

Açúcar-NY A presença da Índia no mercado, com produção esperada relativamente grande e exportação potencial de 5-6 mi t de açúcar, é um argumento baixista. Esta condição fica reforçada pela venda de fundos para realização de lucros. Diante disto, para esta semana estamos com a expectativa que os preços permaneçam relativamente estáveis

Para a entressafra, vai ficar evidente a boa disponibilidade de açúcar no mercado externo devido à presença do Brasil e da nova safra da Ásia, que será grande. Além disso, a nova safra brasileira de 2021/22 deve continuar sendo muito açucareira, reforçando a boa disponibilidade do produto no mercado internacional.  Vemos preços médios mensais de açúcar em NY entre 12,50 e 14,50 cents/libra-peso com viés de baixa. 

 Mercado interno 

Região Centro-Sul

Açúcar: Para a entressafra, dois efeitos vão contaminar os preços do açúcar no mercado interno. E os dois são baixistas. O primeiro é o que comentamos sobre o mercado internacional do produto que deve mostrar viés de baixa para preços. O segundo é a taxa de câmbio, que pode ter um teto em torno de 5,30 R$/US$. Ou seja, o preço do açúcar de exportação em Reais deve mostrar uma ligeira tendência de baixa e esta condição tira o suporte para preços altos do produto no mercado interno. Nossa expectativa é de que os preços médios mensais permaneçam relativamente estáveis com viés de baixa

Etanol: Para a entressafra, como no caso do açúcar, dois efeitos baixistas vão afetar os preços da gasolina e etanol  no mercado interno. Conforme já comentamos anteriormente, tanto o mercado de petróleo como nossa taxa de câmbio mostram um viés de baixa. No caso do câmbio, as importações de etanol americano acontecem, o que aumenta a oferta interna do produto, além de uma produção doméstica maior que o previsto. Nossa expectativa é de que os preços médios mensais da gasolina e etanol permaneçam relativamente estáveis com viés de baixa. 

 *Julio Maria M. Borges - Sócio-Diretor da JOB Economia e Planejamento.

Conselheiro de Administração.

Email: julioborges@jobeconomia.com.br        Site: www.jobeconomia.com.br

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