Açúcar perde vantagem em relação ao etanol em São Paulo
29-08-2018

Na temporada atual a remuneração do adoçante está 12% acima do biocombustível, abaixo dos 50% da safra passada

Estudo realizado pelos pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), mostram que nesta safra a vantagem do açúcar, em relação aos preços do etanol anidro e hidrato, vem diminuindo na parcial desta safra em São Paulo. Normalmente a venda do adoçante remunera mais as usinas que a do biocombustível.

Os pesquisadores explicam que esse cenário está atrelado, especialmente, à baixa no preço do açúcar cristal no mercado interno no correr desta temporada, “o que, por sua vez, se deve às quedas externas do adoçante, devido ao superávit global da commodity”. A Organização Internacional de Açúcar (OIA) projeta superávit de 6,747 milhões de toneladas na safra mundial 2018/2019.

De acordo com cálculos feitos pelo Cepea, no acumulado do início de abril até o dia 24 de agosto, o açúcar cristal remunerou apenas 12% a mais que o etanol anidro. Na safra 2016/2017 remunerava 66% na temporada passada 50%

Segundo o Cepea, em relação ao hidratado, o açúcar está 17% mais vantajoso na atual safra, sendo que há duas temporadas estava 75% e na passada 57%. “Na semana passada, especificamente, o açúcar remunerou 13% mais que o anidro e 14% mais que o hidratado.”

Gasolina
Os cálculos realizados pelo Cepea com base nos dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) mostram que a paridade média de preços entre o etanol e a gasolina esteve bastante favorável para o hidratado entre abril e a segunda quinzena de agosto, frente aos últimos cinco anos-safras. “Nas bombas de São Paulo, de 19 a 25 de agosto, o preço da gasolina C foi de R$ 4,189/litro e o do etanol, de R$ 2,393/litro, gerando relação média de preços entre os combustíveis de 57,1%.

Na parcial desta safra, em Goiás, Mato Grosso e São Paulo, as relações ficaram abaixo de 70% (a 67,6%, 64,7% e 65,8%, respectivamente), enquanto em Minas Gerais e Paraná estiveram acima desse patamar (em 70,4% em ambos os estados), sendo, nestes dois últimos estados, indiferente abastecer com um ou outro combustível.