Agora é a vez do biogás / biometano

25-03-2022

A produção do biometano requer um investimento adicional na dessulfurização, mas com certeza vai ser pago na substituição do diesel, o nosso “calcanhar de Aquiles” ambiental, e maior custo individual no processo agrícola de produção da cana

*René Sordi

Os processos de biodigestão para produção de biogás, de forma caseira ou industrial, são usados em muitos países, como a Alemanha, e crescem cada vez mais em importância também aqui no Brasil. Usando-se dejetos de criação animal, como suínos, aterros sanitários e outras fontes, a produção dessa energia renovável e limpa é um caminho sem volta. Vamos focar nesse texto principalmente no uso da vinhaça oriunda do setor da cana.

No caso da vinhaça, sua biodigestão tira grande parte de sua carga orgânica e permite até mesmo um “casadinho” com o processo de concentração, viabilizando dessa maneira a instalação de concentradores de materiais mais baratos e, por que não, com menos efeitos. Tudo isso sem perda do potássio, o grande atributo da vinhaça.

Gerado o biogás, o seu uso pode ser na geração direta de energia elétrica, em motores ou turbinas, na queima em caldeiras ou para aquecimento e secagem de levedura por exemplo, mas sobretudo na produção de biometano para substituição total ou parcial do diesel em tratores, colhedoras e caminhões, a exemplo do GNV. A substituição do diesel pelo biometano pode ser um pouco mais complicada, sem deixar de ser viável, em tratores e colhedoras; mas parece-nos exequível a curto prazo na frota de caminhões leves e pesados, usados nos diversos transportes incluindo o da cana para a usina, tanto na adaptação dos motores, flex ou não, quanto na logística de abastecimento.

A produção do biometano requer um investimento adicional na dessulfurização, mas com certeza vai ser pago na substituição do diesel, o nosso “calcanhar de Aquiles” ambiental, e maior custo individual no processo agrícola de produção da cana.

Para o leigo ou cidadão comum soa descompassado o enorme consumo de diesel (poluente, finito e sujeito a situações de mercado como estamos atualmente vivenciando) para produzir etanol, nosso combustível renovável e limpo. Podemos estancar de vez esse estigma, essa ferida, com o uso do biometano no setor sucroenergético.

 Chegou a hora de inserir significativamente e de uma vez por todas o biogás/biometano na matriz energética brasileira!! #biogas #biometano

 *René Sordi – Consultor Técnico

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