Agricultura digital ganha espaço no mercado e chega à universidade
18-06-2024

A produtora Celina Issa, de Carambeí, usa agricultura de precisão no campo e diz que momento é de ‘virada de chave’ — Foto: Theo Marques/Valor
A produtora Celina Issa, de Carambeí, usa agricultura de precisão no campo e diz que momento é de ‘virada de chave’ — Foto: Theo Marques/Valor

Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), de Guarapuava, abriu neste ano a primeira turma do curso de Tecnologia em Big Data no Agronegócio

Por Carolina Mainardes — Guarapuava, Ponta Grossa e Carambeí (PR)

A produtora Celina Junqueira Issa, de Carambeí (PR), tem na tecnologia uma aliada para otimizar o trabalho na fazenda e melhorar a produtividade. Ela utiliza as informações dos mapas de colheita — gerados por plataformas de máquinas agrícolas com tecnologia de ponta — para direcionar o trabalho no campo. “Esses dados são o ponto de partida para o meu agrônomo programar a próxima safra”, diz.

Issa não é a única. A tecnologia vem ganhando espaço cada vez maior nas propriedades rurais, impulsionando o mercado — com lançamentos de máquinas e ferramentas de última geração — e também já abre espaço nos ambientes de formação profissional. É o caso da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), de Guarapuava, que abriu neste ano a primeira turma do curso de Tecnologia em Big Data no Agronegócio.

“Esse curso tem a minha cara”, define André Luiz Dutra da Silva, 40 anos, um dos alunos. Ele viu no curso uma chance de se aprimorar na profissão. “É uma maneira de aprofundar o olhar para as ferramentas e maximizar o potencial que elas têm”, diz ele, que é consultor de vendas em uma concessionária de máquinas do município.

O curso, que teve as 40 vagas ofertadas preenchidas, tem como foco a compreensão do grande volume de dados (big data) gerados pelos equipamentos e ferramentas aplicados na agricultura de precisão e digital. “Estaremos formando profissionais aptos para contribuir para a tomada de decisão no campo. A junção da agronomia e da tecnologia é o futuro”, avalia a professora Carolina Paula de Almeida, coordenadora do curso.

A proposta é formar profissionais capazes de organizar dados e transformá-los em informações e conhecimentos sistematizados, visando planejamento estratégico para as fazendas. A iniciativa uniu os departamentos de Ciência da Computação e de Agronomia.

Atuar com desenvolvimento de softwares para o agro, projetos de redes de sensores e de transmissão de dados em tempo real, desenvolvimento de sistemas em nuvens e aplicação de técnicas de inteligência artificial no auxílio à tomada de decisões na produção são algumas das possibilidades que o profissional com essa formação superior — disponível em outras duas instituições de São Paulo — pode encontrar.

Robson Cerqueira Mota, gerente de agricultura de precisão em uma concessionária de máquinas agrícolas em Ponta Grossa (PR), sabe bem do que se trata esse ambiente. Em seu local de trabalho, a evolução é constante, uma vez que ele atua com vendas de uma fabricante multinacional. “Temos clientes que comentam que falta mão de obra para atuar com esse nível de maquinário”, revela.

Entre as máquinas disponíveis, há modelos com sistema de telemetria, que captam dados das lavouras e do rendimento da máquina via satélite e enviam à nuvem e à central de inteligência da concessionária.

Para a produtora Celina Issa, o momento é de “virada de chave” no campo. Desde 2020, ela investe de maneira mais efetiva em tecnologia na propriedade. E procura entender a fundo as soluções de tecnologia oferecidas pelas máquinas agrícolas e demais aportes tecnológicos da fazenda.

Ela também aposta em sistemas digitais de gestão de processos para aumentar a produtividade e a saúde financeira do negócio. “Consigo entender a produção talhão a talhão”. Em uma área total de 2 mil hectares, ela cultiva soja, milho e feijão na safra de verão e trigo e cobertura verde no inverno. Na última safra de soja, a produtividade obtida na fazenda foi de 80 sacas por hectare. A média no Estado é de 62 sacas por hectare.

Fonte: Globo Rural