Agromensais Cepea de junho/19: açúcar/etanol
09-07-2019

AÇÚCAR

Com o andamento da safra 2019/20, os preços do açúcar cristal registraram queda mais expressiva em junho. O clima seco predominou no estado de São Paulo, o que favoreceu a colheita e o processamento da cana. Com isso, as usinas paulistas ofertaram maiores quantidades do cristal no mercado spot, mesmo com a maior produção do etanol. A demanda por parte dos compradores esteve um pouco mais aquecida. Com isso, houve um aumento na participação do volume negociado no spot no correr do mês.

O Indicador do Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ (estado de São Paulo) acumulou baixa de 3,77% em junho, fechando a R$ 61,45/saca de 50 kg no dia 28. A média mensal foi de R$ 62,55/sc, 9,48% inferior à de maio (R$ 69,10/sc), mas 8,22% acima da de junho/18 (R$ 57,80/sc), em termos nominais.

Segundo a Unica, no acumulado da safra 2019/20 (de abril/19 até primeira quinzena de junho/19), a produção de açúcar no estado de São Paulo foi de 4,621 milhões de toneladas, volume 13,53% inferior ao de igual período do ano passado. Do total da cana moída, 99,563 milhões de toneladas, 40,18% foi direcionada à produção de açúcar e 59,82%, ao etanol.

No Nordeste, as negociações no mercado spot seguiram em ritmo lento em junho. Os preços tiveram alta no final da primeira quinzena, não se alterando praticamente até o encerramento do mês. Em entressafra na região, a oferta do adoçante esteve concentrada em apenas algumas unidades produtoras e a transferência do açúcar da região Centro-Sul para a região Norte/Nordeste continua ocorrendo.

Em junho, o Indicador mensal do açúcar cristal CEPEA/ESALQ em Pernambuco foi de R$ 76,30/sc de 50 kg, aumentos de 1,03% frente a maio/19 e de fortes 15,22% em relação a junho/18, em termos nominais. Em Alagoas, o Indicador mensal foi de R$ 74,61/sc, elevações de 2,5% em relação a maio e de 17,11% frente a junho/18, também em termos nominais. Na Paraíba, o Indicador mensal do cristal CEPEA/ESALQ foi de R$ 75,55/sc (a partir de junho/19, este Indicador voltou a considerar o ICMS).

Quanto ao mercado internacional, na primeira quinzena de junho, as cotações do demerara na Bolsa de Nova York (ICE Futures) subiram com força, influenciadas especialmente pela valorização do Real frente ao dólar e pela alta do petróleo do tipo brent. Outro fator que elevou as cotações do demerara no período foi o atraso das monções na Índia, contexto que pode prejudicar a produção de cana no país. Além disso, o Rabobank manteve a projeção de déficit de 4,2 milhões de toneladas de açúcar bruto na safra global 2019/20 (de outubro/19 a setembro/20).

No entanto, a partir da segunda quinzena, os preços do demerara recuaram, pressionados por estimativas indicando excedente na produção global na atual safra 2018/19 – a Organização Internacional do Açúcar (OIA) estima excedente de 1,83 milhão de toneladas. Além disso, de acordo com a Indian Sugar Mills Association (Isma), a Índia poderá ter uma reserva doméstica de 14,62 milhões de toneladas no início da temporada 2019/20, que se inicia em outubro/19. Cálculos do Cepea indicaram que as vendas internas do açúcar remuneraram, em média, 6,45% a mais que as externas em junho. Esse cálculo considera o valor médio do Indicador CEPEA/ESALQ e do vencimento Julho/19 da Bolsa de Nova York, prêmio de qualidade estimado em US$ 59,61/tonelada e custos com elevação e frete, de US$ 50,79/tonelada.

Segundo a Secex, as exportações de açúcar bruto (VHP) totalizaram 1,37 milhão de toneladas em junho/19, volume 8% inferior ao de maio/19 (1,52 milhão de toneladas) e 18% abaixo do de junho/18 (1,71 milhão de toneladas). Em relação ao açúcar branco, foram exportadas em junho 142 mil toneladas, volume 39% inferior ao de maio/19 (232,5 mil toneladas) e 36% menor que o de junho/18 (221,5 mil toneladas).

O preço médio do açúcar bruto exportado foi de R$ 1.092,8/t em junho, 9,3% menor que o de maio/19 (R$ 1.204,8 /t) e queda de 0,9% em comparação com junho/18 (R$ 1.103,1/t), em termos nominais. Em relação ao açúcar branco, o preço médio foi de R$ 1.408,5/t, baixa de 0,1% em relação a maio/19 (R$1.409,7/t), mas alta de 9,7% em comparação com junho/18 (R$ 1.284,2/t), em termos nominais. A receita com a exportação de açúcar foi de R$ 1,73 bilhão em junho/19, baixa de 20% frente a maio/19 (R$ 2,16 bilhões) e queda de 20,3% em relação a junho/18 (R$ 2,17 bilhões), em termos nominais.

 

ETANOL
Em junho, a média das semanas cheias do Indicador CEPEA/ESALQ do etanol hidratado foi de R$ 1,6206/litro, valor 1,5% menor que as semanas de maio. Para o Indicador CEPEA/ESALQ do etanol anidro, o Cepea também registrou queda, de 3,53%, com média de R$ 1,8559/litro, considerando-se somente o mercado spot.

As quedas nos preços estiveram atreladas à diminuição no ritmo de compras por parte de distribuidoras, que, ao longo de junho, adquiriram o etanol de forma pontual. No geral, apenas na segunda e na quarta semanas do mês que o total negociado de etanol hidratado comercializado aumentou, o que, por sua vez, esteve atrelado ao feriado de Corpus Christi no dia 20, quando a demanda pelo
biocombustível cresce.

De acordo com levantamento do CEPEA/ESALQ, a quantidade de etanol hidratado negociado por usinas do estado de São Paulo em junho/19 caiu 48% frente à de maio/19. O movimento foi semelhante ao observado no mesmo período de 2018, quando o volume recuou 33%. A primeira semana de junho de 2019, inclusive, registrou a menor quantidade de hidratado comercializado em um ano (desde 22 de junho de 2018).

No varejo, os preços também caíram, tanto em SP como em outros estados produtores do Centro-Sul. Segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), a relação entre os preços do etanol e da gasolina C nos postos ficou em 62,2% e São Paulo em junho, com média de R$ 4,193/litro para a gasolina C e de R$ 2,607/litro para o etanol. O abastecimento com etanol também segue vantajoso nos estados de Mato Grosso (55,3%), Minas Gerais devido à entressafra na região. Sendo assim, não houve dados suficientes para a elaboração e divulgação da média dos Indicadores CEPEA/ESALQ para o etanol hidratado e anidro no estado de Pernambuco no mês.

Em Alagoas, a média de junho do Indicador CEPEA/ESALQ do hidratado foi de R$ 1,8866/litro; já quanto ao anidro, o número de dados levantados foi insuficiente para a elaboração do Indicador CEPEA/ESALQ.

Na Paraíba, por sua vez, o Indicador CEPEA/ESALQ do hidratado fechou em R$ 1,9454/litro em junho, queda de 2,35% em relação a maio. O Indicador CEPEA/ESALQdo anidro foi de R$ 2,1684/litro no mesmo período, alta de 5,18% frente ao mês anterior (vale ressaltar que a metodologia para divulgação deste Indicador foi alterada em março/19).

O fluxo de etanol hidratado do Centro-Sul com destino ao Nordeste diminuiu de maio para junho, o que pode ser justificado pelo aumento nos custos logísticos.

EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES – As exportações de etanol (anidro e hidratado) somaram 169,4 milhões de litros em junho, volume 2,3% superior ao de maio, gerando receita de US$ 86,8 milhões (R$ 334,95 milhões), segundo dados da Secex. Já, as importações de etanol somaram 86 milhões de litros em junho, sendo 95,6% destinados aos portos do Norte e Nordeste e apenas 4,4%, aos do Centro-Sul.

No acumulado da safra 19/20, foram exportados mais de 339 milhões de litros de etanol e importados praticamente 500 milhões de litros, ainda segundo a Secex.

 

 

Fonte: CEPEA/ESALQ