Albioma compra 60% de unidade de cogeração da Jalles Machado
20-12-2017

A companhia francesa de energia Albioma comprou 60% de participação na unidade de cogeração de energia elétrica da usina sucroalcooleira Jalles Machado localizada em Goianésia (GO). O valor do negócio, o quarto da Albioma no Brasil, não foi informado.

Pelo acordo, a Albioma aumentará a capacidade de geração de eletricidade a partir da biomassa da cana nessa unidade para 65 megawatts (MW), praticamente o dobro da potência instalada atual, o que resulta em uma quantidade de energia entregue ao Sistema Integrado Nacional (SIN) de 140 gigawatts-hora (GWh).

A companhia francesa renovará as caldeiras existentes e instalará uma nova turbina com potência de 25 MW. As obras serão realizadas no fim de 2018, período de entressafra da temporada 2018/19. Dessa forma, a unidade já poderá gerar mais energia a partir de 2019, afirmou Christiano Forman, CEO da Albioma no Brasil, ao Valor.

O projeto não inclui o aumento da capacidade de moagem de cana da usina da Jalles Machado, de 2,8 milhões de toneladas por safra. Dessa forma, o aporte é basicamente voltado para aumentar a eficiência energética da unidade de cogeração. Atualmente, a unidade produz 25 KWh por tonelada de cana processada, e com o aporte serão produzidos 50 KWh por tonelada de cana.

Segundo Forman, esse nível de eficiência é elevado se for considerado o perfil das caldeiras instaladas na unidade, que são de média pressão. “No Brasil, a média do setor é de 30 KWh de energia exportada por tonelada de cana”, disse.

Foi fundamental para acertar o acordo a venda por parte da Jalles Machado de energia no leilão A-4, realizado ontem. A unidade de cogeração da Jalles Machado vendeu no leilão 75 GWh, que começarão a ser entregues em 2021, a R$ 258 por MWh, ajustado pela inflação.

Quando a venda de energia começar a ser feita em leilão, apenas 20% da energia gerada na unidade de Goianésia será vendida no mercado livre.

Cerca de 60% do valor a ser investido pela Albioma será financiado com um empréstimo de longo prazo, em reais. O fechamento da transação ainda está sujeito ao cumprimento de condições precedentes, mas a expectativa da companhia francesa é que o negócio seja completado até meados de 2018 “o mais cedo possível”.

A Jalles Machado não pode comentar a transação porque está em período de silêncio. A companhia foi assessorada pela consultoria Czarnikow.

A transação representa para a Albioma seu quarto passo em seu plano de investimento em crescimento no Brasil iniciado em 2014, que prevê aporte de 400 milhões de euros ao longo de dez anos. A última aquisição da Albioma ocorreu no ano passado, quando a francesa acertou com a Usina Vale do Paraná a construção de uma nova unidade de cogeração, na qual a Albioma terá 40% de participação.

A Vale do Paraná havia acabado de vender energia no leilão A-5, comprometendo-se a entregar 120 GWh ao sistema a partir de 2021. A planta ainda está em construção e só começará a operar no primeiro ano de validade do leilão.

A Albioma também tem parceria com outra usina da Jalles Machado, a Codora, desde 2015, e com a Usina Rio Pardo desde 2014. Em 2021, esses quatro investimentos atuais no Brasil deverão totalizar para a Albioma vendas de 600 GWh. Cerca de 80% dessa eletricidade deverá ser entregue no mercado regulado.