Além da celulose, MS registra expansão de investimentos nas indústrias de soja e cana
05-11-2024

Indústria produz etanol de 1ª geração e será ampliada para a produção do biocombustível de 2ª geração - Foto: Divulgação
Indústria produz etanol de 1ª geração e será ampliada para a produção do biocombustível de 2ª geração - Foto: Divulgação

Governo anunciou, na semana passada, novos aportes de quase R$ 2 bilhões da Raízen e da Coamo em Mato Grosso do Sul

Por Súzan Benites

Mato Grosso do Sul superou o título de Celeiro do Agro, ao aumentar a produção de industrializados, e tem se consolidado como Vale da Celulose, pelo aumento considerável na produção da fibra de eucalipto e por abrigar a maior planta de celulose do mundo. Para além da produção de celulose, o Estado também desponta com novos investimentos em soja e milho processados e aumento da capacidade de armazenagem. 

Na semana passada, o governo do Estado anunciou duas ampliações que trazem investimentos de quase R$ 2 bilhões para os próximos anos, sendo R$ 1,3 bilhão para ampliar e modernizar a produção da Raízen, em Caarapó, e outros R$ 500 milhões na ampliação da fábrica da Coamo, em Dourados, e na construção de três novos armazéns. 

Conforme já publicado pelo Correio do Estado, o governador Eduardo Riedel (PSDB) e sua equipe estiveram em Londres, na semana passada, para o Lide Brazil Conference, evento para apresentar as possibilidades de investimentos em Mato Grosso do Sul. 

Durante a apresentação, Riedel recebeu a confirmação do investimento de R$ 1,3 bilhão para ampliar e modernizar a produção da usina da Raízen em Caarapó, no sul do Estado.

Parte do grupo Cosan, conglomerado brasileiro com negócios nas áreas de açúcar, álcool, energia, lubrificantes e logística, a Raízen vai investir na produção do chamado etanol de segunda geração, biocombustível avançado feito a partir dos resíduos do processo de fabricação do etanol comum, chamado etanol de primeira geração.

“Em reunião com o vice-presidente de Relações Institucionais da Cosan, Claudio Oliveira, ele confirmou o investimento de R$ 1,3 bilhão em Caarapó, que vai aumentar número de empregos e renda para o Estado, renda para as pessoas e, principalmente, para o desenvolvimento do município [de Caarapó] e de toda a região”, frisou o governador Eduardo Riedel.

Em vídeo publicado em suas redes sociais, o governador ainda ressaltou que a planta vai aumentar a produção sem aumentar a área plantada.

Vão usar o bagaço de cana para produzir etanol a partir do bagaço de uma mesma planta que eles têm lá em Caarapó, isso significa mais 88 milhões de litros de etanol e uma considerável descarbonização em toda a cadeia produtiva sem precisar aumentar a área plantada”, detalhou. 

COAMO

O governo do Estado anunciou também que a Coamo vai investir R$ 500 milhões em Mato Grosso do Sul, volume financeiro que será usado na expansão da sua unidade de processamento de soja em Dourados e na construção de mais três armazéns nas cidades de Sidrolândia, Amambai e Dourados.

Conforme a gestão estadual, os novos investimentos vão gerar mais empregos e renda no Estado, cenário que faz parte do processo de industrialização, com agregação de valor à produção local, linha estratégica da gestão estadual. Além disso, a iniciativa melhorará a capacidade de armazenagem dentro do Estado e fortalecerá o cooperativismo.

A direção da Coamo se reuniu, na sexta-feira, com o governador Eduardo Riedel e, além de anunciar os novos investimentos, pediu ao Estado algumas obras de infraestrutura para facilitar logística e acesso. Com a parceria firmada, esses novos investimentos deverão ser feitos a partir de 2025.

O titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, afirmou que a ampliação da fábrica da Coamo, em Dourados, terá um investimento de mais de R$ 200 milhões. A planta, que tem capacidade de processamento de 3 mil toneladas por dia de soja, vai passar para 4 mil toneladas ao dia após a ampliação.

Já os novos armazéns, que serão construídos em Sidrolândia, Amambai e Dourados, tem previsão de investimento de
R$ 80 milhões em cada um.

“No total, o investimento chega a R$ 500 milhões da Coamo. Além da nossa política de incentivos fiscais, eles pediram algumas obras de infraestrutura ao Estado, como um trevo, que o governador aceitou. Agora é esperar o projeto para avançarmos”, explicou Verruck.

Verruck acrescentou que os novos investimentos privados no Estado retratam o “bom ambiente de negócios” criado pelo governo de Mato Grosso do Sul.

“Aqui as empresas têm boa recepção, diálogo aberto com o governo e ambiente positivo. No caso da Coamo, eles ainda avaliam a expansão agrícola que o Estado tem, com espaço para ampliação da produção de soja, além dos nossos investimentos em infraestrutura e logística, para melhorar as estradas, rodovias e acessos”, finaliza o secretário.

Antônio Sérgio Gabriel, diretor administrativo e financeiro da Coamo, destacou que todo este cenário positivo facilita os investimentos no Estado.

“Fomos bem recebidos e acolhidos pelo governador. Agora estamos investindo neste aumento da capacidade da nossa indústria de soja em Dourados e teremos mais três unidades de armazenamento, com expectativa de R$ 500 milhões. Está muito fácil trabalhar em MS”.

Os investimentos vão ao encontro das necessidades de armazenagem do Estado. Conforme já informado pelo Correio do Estado na edição de 19 de outubro de 2024, Mato Grosso do Sul tem deficit de armazenagem de mais de 6,36 milhões de toneladas.

A capacidade estatística de armazenagem de MS apresenta um crescimento de 4,15%, na comparação com o ano passado, enquanto a produção de grãos teve um aumento de 5,2%. A safra foi de 20 milhões de toneladas, quantitativo obtido mesmo em um ano crítico para a agricultura, por conta da crise hídrica, reforçando o cenário de deficit de armazenagem em MS.

Segundo a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Sistema Famasul), esse descompasso resulta em dificuldades para as empresas, que precisam agir rapidamente para transportar ou transformar os grãos.

INDUSTRIALIZAÇÃO

A industrialização da produção local é o foco do governo estadual, e “agregar valor” aos produtos sul-mato-grossenses tem sido o principal caminho apontado para o desenvolvimento econômico de MS. 

A renomada economista Zeina Latif disse, em entrevista ao Correio do Estado, que, para que a economia de Mato Grosso do Sul deslanche de vez, é necessário que haja um maior investimento na indústria e na comercialização dos produtos industrializados.

“O efeito multiplicador na economia é forte, porque a indústria tem um peso muito importante. Então, por exemplo, parte do setor de serviços vem atrás porque é justamente de provedores de serviços para a indústria”, considera.

Fonte: Correio do Estado MS