Alto preço dos fertilizantes impacta diretamente nos custos da produção agrícola do país
16-09-2021

Para reduzir custos com fertilizantes, é fundamental a aplicação correta
Para reduzir custos com fertilizantes, é fundamental a aplicação correta

Nos últimos nove anos, o preço dos principais fertilizantes utilizados na agricultura brasileira teve alta de mais de 200%

O alto custo de produção da cana-de-açúcar é um dos atuais desafios do setor. Entre os itens que mais pesam estão os fertilizantes. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP), a média de janeiro a julho deste ano do preço da tonelada da ureia subiu 58,4% frente ao mesmo intervalo de 2020, atingindo, em julho, o maior patamar nominal desde outubro de 2008 nos estados do Paraná e de Mato Grosso.

No caso do MAP, a cotação média da tonelada do período avançou significativos 90,3% na mesma comparação, com os preços de julho sendo os maiores desde novembro de 2008 em Mato Grosso e no Paraná. A tonelada do cloreto de potássio se valorizou 52,4% na parcial deste ano frente ao mesmo período de 2020, com o insumo comercializado em julho ao preço mais alto desde agosto de 2009 em Mato Grosso e no Paraná.

Diante disso, simulações realizadas pelo Cepea mostram que o gasto médio orçado com fertilizantes para a produção de soja e de milho verão na safra 2021/22, por exemplo, deve subir 50,1% e 55,4%, respectivamente, frente ao da temporada anterior (2020/21). Para o milho segunda safra, feijão, arroz irrigado e trigo, são estimados aumentos nos gastos médios com fertilizantes de 2020/21 para 2021/22 das ordens de 53%, 65,2%, 68,2% e 71,1%, respectivamente.

No decorrer dos últimos nove anos, o preço dos principais fertilizantes utilizados na agricultura brasileira teve alta de mais de 200% e tem impactado diretamente nos custos da produção agrícola do país. O Brasil importa 80% dos fertilizantes que utiliza. Uma das consequências da grande dependência de importações de fertilizantes é que o preço deles acaba atrelado às flutuações da principal moeda de câmbio: o dólar. Desde março de 2020, a cotação do dólar vem fechando acima de R$5 e influenciando o valor final dos fertilizantes para o agricultor, fazendo com que eles fiquem mais caros.

Entretanto, não é somente o dólar que vem afetando essa dinâmica de preços. Entre os fatores que vêm influenciando nos preços, o Rabobank cita as incertezas políticas e comerciais envolvendo a Bielorrússia – um dos principais exportadores de Kcl -, as dúvidas de quanto a China irá fornecer de ureia à Índia e o reajuste no mercado de fosfatado após os Estados Unidos imporem barreiras tarifárias para empresas marroquinas e russas.

Os fretes marítimos se tornaram uma preocupação a mais nos últimos meses para o comércio global. Os custos com o transporte internacional têm-se elevado a níveis recordes em diversas praças, encarecendo as despesas dos importadores neste momento de escalada nas cotações das principais commodities. Entre o início de 2020 e junho de 2021, o índice StoneX dos custos dos fretes marítimos, que considera as principais rotas comerciais do Brasil, acumula uma alta de 70%, ou seja, já superando e avançando além dos níveis pré-pandemia.

Fonte: CanaOnline