Altos níveis de estoque e demanda indefinida deverão derrubar preços do etanol no início de 2021
04-12-2020

Foto: Leonardo Ruiz
Foto: Leonardo Ruiz

Previsões foram divulgadas pela Consultoria SAFRAS & Mercado

Por Leonardo Ruiz

Na última quarta-feira (02), a consultoria SAFRAS & Mercado realizou um evento gratuito, ao vivo e on-line para debater alguns pontos que definirão os mercados de açúcar e etanol durante a entressafra canavieira no Centro-Sul do país e que impactarão nos números do novo ciclo.

Segundo o especialista da consultoria para o segmento de açúcar e etanol, Maurício Muruci, o Estado de São Paulo registrará uma intensa pluviosidade ao longo dos próximos três meses. É esperado um volume de chuvas até 250mm superior à média para o início do verão, que tradicionalmente já é uma estação bastante úmida. “Como São Paulo detém quase 60% dos canaviais brasileiros, podemos afirmar que a grande maioria das lavouras de cana-de-açúcar do país terá excelentes condições de umidade para seu desenvolvimento. No entanto, o restante dos canaviais do Centro-Sul se encontra em relativo ‘perigo’, uma vez que estes deverão enfrentar uma entressafra de baixa umidade, com um déficit hídrico que pode chegar a 300mm.”

Ao longo do evento, Muruci também abordou a questão do alto nível dos estoques de etanol das usinas no Centro-Sul e a previsão de queda nos preços do biocombustível para março do próximo ano. De acordo com o consultor, quando a curva de demanda do etanol vinha se recuperando neste final de ano, foram estabelecidas novas medidas de restrição contra uma possível segunda onda de Coronavírus (COVID-19) em diversos centros populacionais pelo país. O resultado é uma demanda desacelerada, bem como uma menor taxa de consumo dos estoques.

“O risco é chegar em março e abril com estoques mais elevados do que o normal”, afirma Maurício Muruci. Ele explica que esse período já é marcado por alta estocagem, fruto do retorno de diversas usinas à atividade, do maior direcionamento de matéria-prima para a produção de etanol e da pressão para um rápido escoamento do biocombustível a fim de que não haja perda de qualidade do combustível.

“Caso esse cenário se concretize, podemos esperar uma queda acentuada nos preços do etanol para o início do próximo ano - principalmente de fevereiro para março -, uma vez que haverá elevação na disponibilidade de oferta com uma demanda ainda indefinida.”

Fonte: CanaOnline