Amazônia impulsiona transição energética com resíduo da pesca
27-06-2025

Parceria entre FGV Energia, Petrobras, UFAM e Senai busca transformar restos de pescado em biocombustíveis
Um projeto inédito está em andamento na Amazônia Legal com potencial de transformar um passivo ambiental crônico em fonte de energia renovável, renda e inclusão social. A iniciativa é fruto de uma articulação entre FGV Energia, Petrobras, Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e o Instituto Senai de Inovação em Biomassa, e foi firmada no último 5 de junho, em celebração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, na sede da Petrobras, no centro do Rio de Janeiro.
O foco do projeto está no aproveitamento de resíduos da pesca amazônica — subprodutos até então sem destinação adequada — para gerar biogás, biometano, biodiesel, biofertilizantes e até ingredientes para ração animal. Com duração inicial de 18 meses, a pesquisa visa criar soluções reais para problemas locais com impacto global.
Para a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, a iniciativa reafirma o papel ativo da estatal no desenvolvimento nacional. “Temos sido parte das soluções que constroem o Brasil há mais de sete décadas. Agora, buscamos deixar um legado ainda mais limpo, justo e sustentável para as futuras gerações”.
Segundo Carlos Quintella, diretor da FGV Energia, a proposta é ambiciosa. “Queremos transformar um problema ambiental em oportunidade econômica, fomentando uma transição energética realmente justa”.
Os resíduos do pescado, muitas vezes descartados de forma inadequada, podem ser convertidos em fontes de energia limpa. Parte dos estudos será dedicada à análise da mistura entre subprodutos do biodiesel, como glicerina, e os resíduos pesqueiros, com o objetivo de potencializar a produção de biogás.
Além disso, a fração proteica dos resíduos pode ser utilizada na formulação de rações, o que ajuda diretamente piscicultores locais, que enfrentam altos custos com alimentação dos peixes.
O projeto prevê a criação de uma planta piloto modular no campus da UFAM, que servirá de modelo experimental e potencialmente replicável em outras regiões do país. Esse arranjo tecnológico será desenhado como parte do estudo e visa ser um exemplo de inovação sustentável aplicada ao território amazônico.
Mais do que uma solução ambiental e energética, o projeto aposta em impacto social direto. A cadeia produtiva da pesca na Amazônia emprega uma parcela significativa de mulheres ribeirinhas, que terão papel central na implementação da solução — fortalecendo tanto a inclusão social quanto a economia regional.