Ampliar o uso de energias renováveis pode garantir economia de trilhões em todo o mundo
18-03-2016

Duplicação da quota de energias renováveis na matriz energética global economizaria impressionantes US$ 4,2 trilhões por ano até 2030, segundo novo estudo da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA).

O relatório “REmap: Roteiro para a Energia do Futuro Renovável” está sendo divulgado hoje no Diálogo Berlinense de Transição Energética e inclui recomendações para aumentar a atual participação de 18% das energias renováveis no mix energético global para até 36% em 2030. Segundo o estudo, os gastos evitados são até 15 vezes superior aos custos.

"O que o estudo REmap mostra é que este não é só o caminho mais econômico, mas também o mais social e ambientalmente consciente. Ele cria mais empregos e salva milhões de vidas ao reduzir os efeitos da poluição do ar sobre a saúde humana, além de nos colocar no caminho para limitar o aumento da temperatura global a dois graus, tal como acordado em Paris", explica Adnan Z. Amin, diretor geral da IRENA.

Os planos nacionais existentes hoje projetam apenas 21% de participação global das energias renováveis até 2030. Para duplicar essa quota, a taxa anual de implantação de energias renováveis precisa aumentar em seis vezes, o que exigiria um investimento anual médio de US$ 770 bilhões até 2030. Embora isso aumente o custo do sistema global de energia em cerca de US$ 290 bilhões por ano em 2030, a economia gerada pelos gastos evitados com os efeitos da poluição atmosférica e das mudanças climáticas será até 15 vezes maior.

Esta nova edição do roteiro global da IRENA cobre 40 países que representam 80% do uso global de energia. De acordo com o relatório, grandes progressos foram feitos para aumentar as energias renováveis no setor de eletricidade, que está a caminho de gerar cerca de 30% da produção global em 2030 (hoje são 23%). Se a duplicação for alcançada, essa participação deve superar os 50%. Há também um grande potencial para aumentar as energias renováveis nos transportes, nas edificações e na indústria, mas estes setores estão atualmente mais atrasados.

A transição energética está bem encaminhado no setor de eletricidade, mas para alcançar metas climáticas e de desenvolvimento global, a próxima fase vai exigir mais foco em transportes, aquecimento e refrigeração.

Principais benefícios da duplicação das energias renováveis:

• Limitar o aumento da temperatura média global a 2° C acima dos níveis pré-industriais (quando combinada com a eficiência energética);
• Evitar até 12 gigatoneladas de emissões de CO2 relacionadas à energia em 2030 - cinco vezes mais do que o que os países se comprometeram a reduzir através de energias renováveis nas suas contribuições nacionalmente determinadas (NDC);
• Criar 24,4 milhões de postos de trabalho no setor das energias renováveis até 2030, em comparação com 9,2 milhões em 2014;
• Reduzir a poluição do ar o suficiente para salvar até 4 milhões de vidas por ano em 2030;
• Aumentar o PIB global em até US$ 1,3 trilhão.

Para atingir este objetivo, o relatório identifica cinco ações prioritárias:

(1) corrigir as distorções do mercado para criar condições de concorrência equitativas;
(2) introduzir uma maior flexibilidade em sistemas de energia para acomodar a natureza variável de algumas formas de energia renovável;
(3) desenvolver e implantar soluções de energia renovável para o aquecimento e refrigeração em novos projetos industriais e de desenvolvimento urbano;
(4) promover o transporte elétrico com base em energias renováveis e biocombustíveis para reduzir a poluição do ar; e
(5) assegurar o fornecimento sustentável, acessível e confiável de matérias-primas de bioenergia.

"A era da energia renovável está aqui, mas sem esforços coordenados, seu potencial não será alcançado com a rapidez necessária para cumprir as metas climáticas e de desenvolvimento internacionais", alertou Amin. "Para os decisores dos setores público e privado, o presente estudo é um alerta - tanto sobre as oportunidades à mão como sobre os custos de não aproveitá-las."

Download do relatório: http://ow.ly/Zi5U8.


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