Análise da consultoria Agro do Itaú BBA sobre o mercado de açúcar
09-09-2020

O cenário negativo de produção de açúcar nos meses finais da safra global19 /20 e a piora das percepções de oferta para a próxima temporada nos principais países produtores reverberou nas cotações

Em agosto, os preços do VHP na bolsa de Nova Iorque ganharam força em função de um panorama de oferta do adoçante deteriorado. A cotação média em julho foi de cUSD 11 ,90 /lp, e avançou em 7, 7 % acima no mês seguinte, sendo o valor médio cUSD 12 ,89 /lp. Além do ganho em termos médios, em alguns pregões o açúcar chegou a romper os cUSD 13 /lp.

 O cenário negativo de produção de açúcar nos meses finais da safra global19 /20 e a piora das percepções de oferta para a próxima temporada nos principais países produtores reverberou nas cotações.

Na Ásia, a Índia aumentou os subsídios para os produtores de cana, o que poderá exigir um aumento maior das cotações internacionais para que a exportação seja viabilizada. No segundo maior exportador do adoçante, a precipitação abaixo do normal na entressafra parece endossar mais um ano de baixas em relação à participação tailandesa na oferta global de açúcar.

No continente europeu, a temperatura acima do normal e o problema com vírus poderá prejudicar a safra e possivelmente tornar o bloco importador líquido em 2020 /21.

 Em Santos, a combinação entre os ganhos do açúcar em NY e o Real fraco resultou em aumento das cotações. Enquanto em Julho, a média de preços praticados era de R $ 1 .447/tonelada, em agosto o adoçante foi cotado em R $ 1 .608 por tonelada em média, alta de 11, 1 % entre os meses,

 Em relação ao andamento da safra no Centro-Sul, o clima seco ajudou a velocidade da colheita, que na 1 ª quinzena de agosto alcançou 60 % da área produção. O clima também ajudou no rendimento da cana (ATR) na usina, que representou 135 kg/t, 5 % acima da safra passada.

Além dos fundamentos, os preços têm sido influenciados por movimentos sucessivos de ampliação da posição liquida comprada dos fundos não-comerciais, que passaram de 117 mil contratos no final de julho para 190 mil contratos na última semana do agosto, aumento de 114% no período. Essa movimentação parece ser justificada pelo enfraquecimento do dólar e pela perspectiva de recuperação da economia. Contudo, vale destacar que caso haja uma realização de lucros por parte dos fundos, as cotações poderão ser impactadas negativamente. Além disso, patamares de e preços de cUSD 13,5-14/lp incentiva a oferta de adoçante indiano para o mercado externo, limitando maiores ganhos nas cotações.

 Contudo, é válido ressaltar que o balanço do adoçante se projeta apertado para a safra global seguinte que começa em outubro, corroborando para a manutenção de preços em patamares entre cUSD 13-14/lp. Os principais países consumidores tendem continuar a manter as compras e estoques em níveis razoáveis, notadamente aqueles países com baixo poder aquisitivo e que ainda enfrentam problemas com a crise gerada pela Covid19, recorrendo a fontes alimentícias baratas como o açúcar.

Sob o ponto de vista das cotações em Reais, a combinação entre as telas futuras do adoçante e câmbio garantem patamares de preços atrativos acima dos R$ 1.500/t, no momento em que este relatório foi escrito. Vale ressaltar que esses níveis de preços estão atrelados ao Real desvalorizado, um movimento contrário do câmbio poderá resultar em um revés no valor do açúcar. Apesar do momento ímpar aos preços, ao fazer as fixações futuras é importante considerar o planejamento do mix (e suas possíveis alterações ao longo da safra) bem como o risco de possível queda de produtividade, caso as chuvas não retomem aos canaviais no tempo e volume ideais.

Fonte: CanaOnline – Informações do Relatório da consultoria Agro do Itaú BBA