Análise do Itaú BBA para o mercado de açúcar
14-07-2021

Com o canavial já apresentando queda de produtividade causada pelo período seco, a notícia da geada causou um forte aumento nas cotações do VHP

Durante o mês de junho a maior parte dos movimentos das cotações de açúcar foram influenciados por fatores macroeconômicos. Porém, na última semana do mês, dois eventos intrínsecos ao setor ganharam relevância. O primeiro foi a expiração da tela de junho, que aconteceu dentro das expectativas do mercado com baixos volumes entregues na bolsa, e o segundo foram as baixas temperaturas que causaram geadas em algumas regiões do cinturão canavieiro.

Com o canavial já apresentando queda de produtividade causada pelo período seco, a notícia da geada causou um forte aumento nas cotações do VHP, fechando o mês de junho e iniciando o mês de julho em cUSD 18,15/lp, 4,7% superior comparado com o fechamento de maio/20.

Em relação aos impactos da baixa temperatura na cana-de-açúcar, em grande parte das regiões, houve apenas queima da folhagem, sem grandes danos para a moagem, porém efeitos mais densos ainda estão sendo mensurados.

Do ponto de vista da moagem, o mês de junho na 1ª quinzena apresentou precipitações nas regiões de cana e consequentemente a quantidade processada da matéria prima foi 14% menor que a mesma quinzena da safra anterior. No acumulado da temporada, destaque para o ATR, que apresentou ganho de 1,2% até a metade de junho/21 comparado com 2020/21. Com as atenções do mercado voltadas para a safra na região Centro Sul, dois principais fatores estão sendo acompanhados de perto, a questão da produtividade e os possíveis impactos causados pela geada da última semana.

A produtividade da cana impacta diretamente no volume final disponível para moagem, e caso seja menor do que as estimativas atuais, irá influenciar diretamente na quantidade de açúcar. Com o balanço de O&D global 2020/21, que termina no final de setembro/21, em déficit, a redução de açúcar pode impactar os preços. Por outro lado, o ATR mais elevado pode minimizar a redução do volume de cana na produção dos produtos finais.

Da mesma forma em relação à geada da última semana, os danos causados dependem de diversos fatores, sendo os principais o tempo e a intensidade da exposição da planta à baixa temperatura. A quantificação das perdas será percebida nos próximos meses, e os danos podem ser tanto para a próxima safra caso tenha ocorrido queima da gema apical da cana que estava em brotação, quanto para a safra atual se houve congelamento do suco celular e ruptura das células dos tecidos. No curto prazo, a tela de outubro/21 tende a corrigir a alta causada pelas notícias de geada.

Por fim, é válida a atenção para os preços em reais por tonelada para a safra 2022/23, que com a última subida da cotação em NY e a valorização do dólar acabaram ficando acima de BRL 2.000/t.

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