Após fim das atividades na Zona da Mata, Usina Jatiboca e trabalhadores fecham acordo
18-12-2025
Depois de quase dois meses de negociações, a Usina Jatiboca chegou a um acordo com os mais de 1.100 trabalhadores que perderam o emprego após a centenária produtora de açúcar e álcool, localizada em Urucânia, na Zona da Mata mineira, encerrar as atividades.
Por Thyago Henrique
No documento, assinado na última semana, ficou definido que o pagamento do acerto trabalhista será em até sete parcelas, sendo que a oferta inicial era de até dez. Além disso, as casas em que parte dos empregados moravam, cedidas pela empresa e colocadas em revelia na primeira discussão, seguirão com os moradores, a princípio por três anos.
As informações foram reveladas pelo superintendente do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em Minas Gerais, Carlos Calazans, e confirmadas pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Urucânia (STRU), José Luiz da Anunciação, e pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Alimentação de Ponte Nova e Outros Municípios (SITIAPM), Júlio César Rodrigues da Silva.
Especificamente sobre as casas, Calazans explicou que a Jatiboca, ao longo dos anos de atuação na região, cedeu cerca de 150 residências para que funcionários morassem. No entanto, a usina incluiu essas habitações como garantia em dívidas com a União.
Conforme o superintendente, alguns colaboradores ocupavam esses lares há décadas e seria injustiça se tivessem que abandoná-los. Ele afirmou que ficou acordada a permanência dos moradores pelo prazo supracitado, porém, com a possibilidade de que eles fiquem definitivamente em caso de um eventual acordo da companhia com o governo federal.
Futuro das terras e da mão de obra local
Responsável por intermediar as tratativas entre a Usina Jatiboca e os trabalhadores, Calazans lamentou o fato de não encontrarem uma solução para manter a tradicional fabricante mineira de açúcar e álcool. Ele ressaltou que agora o foco está no destino das terras onde a matéria-prima para a produção da empresa era cultivada e da mão de obra.
Segundo o superintendente, Urucânia e municípios vizinhos têm diversas propriedades com plantação de cana-de-açúcar e com o fechamento da companhia é preciso discutir com os produtores, técnicos agrícolas, instituições e o poder público a possibilidade de plantar outras culturas ou desenvolver algum projeto nos terrenos. O representante do MTE pontuou que o efeito indireto do encerramento das atividades na região é significativo.
Calazans salientou também a necessidade de as prefeituras locais e o próprio Ministério do Trabalho e Emprego pensarem em campanhas de requalificação profissional para que os trabalhadores rurais e da indústria possam ser absorvidos pelo mercado.
“Existe muita reclamação da ausência de mão de obra, então é possível que a região absorva para outras áreas, mas vai ser necessário requalificação, sobretudo dos mais jovens”, disse.
Interrupção das operações e tentativas frustradas de venda
Em nota divulgada à imprensa, a Usina Jatiboca, sem dar detalhes, confirmou os acordos coletivos com os trabalhadores visando o equacionamento dos direitos rescisórios. A empresa também pontuou que as operações foram suspensas a partir de 21 de outubro, após uma análise sobre o cenário do mercado de açúcar e álcool, aliado às condições específicas da região da instalação, como o clima e a disponibilidade de mão de obra e matéria-prima.
A produtora de açúcar e álcool reiterou que houve tentativas frustradas de venda da unidade. E disse que as diligências conduzidas evidenciaram falta de idoneidade moral, ausência de capacidade financeira e até a utilização de informações falsas por parte dos pretensos investidores que se intitulavam como potenciais compradores.
Ainda afirmou que tomará providências legais cabíveis contra aqueles que, em razão de interesses pessoais, de forma leviana, com objetivos escusos e inconfessáveis, propagaram informações levianas contra a companhia, os acionistas e os gestores.
Fonte: Diário do Comércio

