Apostar no setor, mesmo em crise
04-09-2015

Em tempos de crise somos bombardeados com mensagens e dicas de como superar as intempéries e ainda métodos para sairmos fortalecidos dos momentos de grandes dificuldades, como o que estamos enfrentando hoje.

Trabalhando há mais de 40 anos no segmento bioenergético, já vivi a experiência de inúmeras crises e, por sorte e com muita disciplina, conseguimos superar todas elas. Sempre saímos mais fortalecidos, afinal, como bem definido por Friedrich Nietzsche, "Aquilo que não me mata, só me fortalece".

Vivemos hoje no olho do furacão, num momento de severa crise, com o fechamento de inúmeras usinas/destilarias e ainda o pedido de recuperação judicial de outras dezenas de unidades. A remuneração de nossos dois principais produtos: açúcar e etanol, ainda está pouco ou nada compensadora. Nossos canaviais estão viçosos mas a ameaça de efeitos climáticos adversos, como um El Niño mais chuvoso, aliado ao grande florescimento da cana em algumas regiões, também nos mostra que o montante de cana a ser processada nesta temporada ainda é uma incógnita, e a cada dia vemos crescer as perspectivas de mais e mais cana bisada para a próxima temporada.

Diante deste cenário, podemos destacar que o empreendedorismo de entidades como o Ceise-BR (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis); a Reed Exhibitions Alcântara Machado; a STAB - Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil; e da Consultoria Datagro, em acreditar no setor e investir na realização da Fenasucro & Agrocana é objeto de nosso maior louvor e apreço.

Apresentar as novas tecnologias disponíveis no mundo bioenergético, bem como proporcionar o intercâmbio comercial para as usinas e profissionais no Brasil e em 40 diferentes países, é um dos propósitos da Fenasucro & Agrocana, que acontece entre os dias 25 e 28 de agosto, em Sertãozinho/SP, cidade que sofre hoje com a crise de nosso segmento.

Tenho certeza, que a manutenção de tão importante evento, o maior do setor, diga-se de passagem, traz esperança de que dias melhores virão e de que não são só os sofrimentos que nos assolarão no futuro próximo.

Quero crer que unindo nossas forças conseguiremos, muito em breve, superar a atual crise e juntos construirmos um futuro novamente promissor para esta cadeia do agronegócio, tão importante para a balança comercial brasileira e para a manutenção e circulação de divisas de milhares de municípios espalhados por este imenso Brasil, que vivem na dependência de nosso segmento.

Por isso mesmo, acreditar e participar do principal encontro entre produtores, profissionais e os principais fabricantes de equipamentos, produtos e serviços para a agroindústria da cana-de-açúcar deve ser encarado como de crucial importância para que já na próxima safra possamos colher belos frutos da saída dessa tempestade perfeita.

Nessa mesma linha de raciocínio, a UDOP tem investido na realização de inúmeros cursos voltados para o aperfeiçoamento tecnológico dos profissionais que fazem deste setor a potência que é. São aulas/palestras, cursos de MBA, cursos operacionais através do Projeto Qualifica e o já tradicional Congresso Nacional da Bioenergia, que neste ano comemora sua 8ª edição nos dias 11 e 12 de novembro.

Para o Congresso deste ano, que é promovido pela UDOP e pela STAB, com realização da UniUDOP, estamos programando uma série de novidades, como uma sala das mais diversas biomassas e seus novos produtos, discussões sobre o uso de novas tecnologias, etanol de milho, enfim uma infinidade de temas diversos.

Destaco ainda o debate que teremos sobre os 40 anos do ProÁlcool, em dois painéis da sala de comunicação, reunindo importantes vozes do setor para a discussão de como superamos as inúmeras crises nestas quatro décadas do programa mais bem sucedido de substituição dos combustíveis fósseis do planeta.

O debate servirá ainda para a discussão e elaboração de um novo planejamento para os próximos anos, com destaque para a sobrevivência deste segmento, tão importante para nosso País, e pro mundo, quando discutimos fontes renováveis e alternativas de combustíveis que suprirão a demanda crescente por energia com menor impacto ambiental, social e econômico.

O Congresso contará ainda com as tradicionais salas temáticas que reúnem os principais profissionais que fazem deste setor um orgulho nacional, com a discussão de temas a serem aplicados no dia a dia das usinas.

Por existirem entidades e pessoas como estas, que continuam acreditando nesse setor, é que não podemos jamais permitir que o sonho de tornarmos o Brasil referência mundial em biocombustíveis seja extinto. E a UDOP continuará lutando, sempre, pelo progresso desse setor.

*Artigo originalmente publicado na Revista Stab, edição julho/agosto de 2015, vol.33 nº6.