Apple, Google e Microsoft são acusadas de permitir mortes de crianças em minas de cobalto
18-12-2019

Três das empresas mais valiosas do mundo, Apple, Google e Microsoft estão sendo processadas pela morte de crianças em minas de cobalto na República Democrática do Congo - segundo a acusação, as companhias teriam tido conhecimento e permitido trabalho infantil nessas operações. O cobalto é um metal raro usado nas baterias de quase todos os produtos eletrônicos da atualidade, de celulares a carros elétricos. O processo movido pela International Rights Advocates também cita a montadora Tesla e a fabricante de computadores Dell.

Nenhuma das empresas citadas ainda se manifestou sobre o assunto. Segundo o jornal The Guardian, as família congolesas afirmam que as crianças eram pagas o equivalente a US$ 2 por dia para realizar tarefas em túneis perigosos e sem equipamentos adequados - a situação de extrema pobreza dessas família teria forçado a busca pelo trabalho. No processo, 14 famílias dizem que seus filhos morreram ou sofreram lesões permanentes em desabamentos e outros acidentes nos túneis.

No processo, as empresas não são acusadas apenas de utiliziar cobalto extraído nessas condições, como também de terem conhecimento específico sobre as condições de operação dessas minas. O processo afirma que Apple, Google, Microsoft, Tesla e Dell ajudaram e agiram em cumplicidade com as mineradoras que lucraram a partir do trabalho infantil. As famílias estão buscando indenizações por trabalho forçado, enriquecimento ilícito, supervisão negligente e abalo emocional.

Atualmente, 60% do cobalto usado no mundo tem origem no Congo, um dos países mais pobre do mundo. No processo, é citada a mineradora britânica Glencore, que realiza operações com a Umicore, uma fornecedora belga de metais que tem como clientes Apple, Google, Tesla, Microsoft e Dell. Outras famílias têm como alvo a Zhejiang Huayou, mineradora chinesa que fornece o metal para Apple, Dell e Microsoft.

Um porta-voz da Glencore declarou que a empresa respeita os direitos humanos de maneira consistente com a declaração universal de direitos humanos. "A Glencore não tolera qualquer forma de trabalho infantil, forçado ou compulsório, disse. A Huayou ainda não se pronunciou.

Em um dos casos citados no processo, um garoto começou a trabalhar nas minas após sua família não conseguir para a mensalidade escolar de US$ 6. Em abril de 2018, o túnel onde ele trabalhava teria desabado e seu corpo até hoje não teria sido recuperado. Segundo o processo, todas as empresas citadas tinham autoridade e recursos para regular e supervisionar sua cadeia de fornecedores, e que a inabilidade para fazer isso contribuiu para as mortes e ferimentos sofridos pelas crianças.

Fonte: O Estado de S. Paulo