Até quem mexe com diesel é contra lei que libera uso em carros
15-06-2016

O Projeto de Lei em discussão na Câmara dos Deputados, liberando o uso do diesel em carros de passeio no Brasil, foi um dos temas centrais do seminário Revisão das Perspectivas 2016, da AutoData, esta semana em São Paulo (SP).
Não há consenso nem entre empresas especialistas do setor: enquanto Cummins (especializada em propulsores para ônibus e caminhões) e Power Systems Research (consultoria) apresentaram argumentos contrários, FPT Industrial (empresa de trens-de-força do grupo FCA) e MWM (outra fabricante focada no combustível derivado do petróleo) mostraram-se favoráveis, talvez pela expectativa de produzir aqui estes motores.

A Anfavea (associação dos fabricantes) reafirmou sua desaprovação, entre outros motivos pelos investimentos já feitos para melhorar o consumo das matrizes atuais (a gasolina ou flex).

O assunto diesel não é novo. Dois projetos de lei anteriores a respeito foram arquivados. Depois de toda a confusão envolvendo emissões poluentes desse combustível no exterior, desde o escândalo da Volkswagen, que eclodiu em setembro de 2015, pairam dúvidas sobre as reais razões de reabertura do tema.

Se a referência for emissão de poluentes, não há condições de o diesel competir com bioetanol de cana-de-açúcar no Brasil. Pelo contrário: só danificará a matriz energética do País.

Miguel Fonseca, vice-presidente da Toyota, reafirmou a aposta da empresa em híbridos (motores a gasolina ou flex, no caso brasileiro, auxiliados por motor elétrico) e nas pilhas a hidrogênio para automóveis puramente elétricos.
Ele acredita que 40% das vendas da marca na América Latina até 2030 virão dessas duas opções. E, em 2050, a totalidade de sua comercialização no mundo. Significa que o motor a combustão não acaba tão cedo, mas já começa a vislumbrar ameaça de extinção.