Atvos, da Odebrecht, confirma prejuízo de R$ 1,5 bi na safra 2018/19
01-08-2019

A Atvos, braço de açúcar e etanol da Odebrecht, atribuiu a diversos fatores negativos que marcaram o segmento sucroalcooleiro na safra passada (2018/19), como a volatilidade dos preços e a greve dos caminhoneiros, o prejuízo de R$ 1,467 bilhão que registrou no período. A companhia já havia publicado uma prévia dos resultados ao entrar com pedido de recuperação judicial, em 30 de maio, mas publicou hoje seus resultados consolidados no "Diário Oficial de São Paulo". No ciclo anterior, a Atvos reportou lucro líquido de R$ 494 milhões.

Segundo a companhia, a greve dos caminhoneiros, no fim de maio do ano passado, teve impacto significativo sobre as operações agroindustriais e, consequentemente, em seu fluxo de caixa.

A Atvos também menciona intempéries, como a longa seca ocorrida desde o início oficial da safra e o excesso de chuvas em seu período final, como fatores negativos para a produtividade. Ainda assim, o rendimento agrícola médio da empresa teve ligeira melhora e ficou em 132 quilos de açúcares totais recuperáveis (ATR) por hectare de cana colhida, ante 129,5 quilos de ATR por hectare no ciclo anterior.

A moagem de cana cresceu cerca de 3%, para 26,8 milhões de toneladas. Como o mix foi direcionado mais para o etanol, a produção do biocombustível cresceu 16%, para 2,08 bilhões de litros, enquanto a de açúcar caiu 53%, para 212 mil toneladas. A cogeração de energia elétrica para a rede de teve incremento de 6%, para 1,9 mil gigawatts-hora (GWh).

Nesse contexto, a receita da Atvos teve crescimento marginal em 2018/19, para R$ 4,3 bilhões. No entanto, com os impactos negativos da volatilidade dos preços e da greve dos caminhoneiros, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) societário ajustado caiu 5%, para R$ 1,5 bilhão.

A maior pressão, porém, veio dos compromissos financeiros. As despesas financeiras líquidas aumentaram 14% e alcançaram R$ 1,239 bilhão.

Os pagamentos de amortizações cresceram na safra passada e alcançaram R$ 582 milhões, alta de 17%, enquanto a captação de novos financiamentos ficou em R$ 509 milhões, recuo de 54%. A menor capacidade de se financiar foi uma das principais responsáveis pela redução da posição de caixa da Atvos no fim da safra em R$ 63 milhões, para R$ 93 milhões.

Ao longo da safra, a Atvos vinha em negociações com seus credores para reequacionar sua dívida total de R$ 10,5 bilhões, dos quais apenas uma pequena parcela vencia no curto prazo. Ante o impasse com um credor, o Lone Star, que entrou com pedido de execução, e o descumprimento de cláusulas contratuais, quase todos vencimentos foram reclassificados como de curto prazo. A alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) passou de 5,9 vezes no fim da safra 2017/18 para 6,9 vezes no fim da última temporada.

A companhia destacou que aumentou seus desembolsos com investimentos na área agrícola e industria, que antes oscilavam na casa dos R$ 500 milhões, e que na safra passada cresceram 8%, para R$ 610 milhões. A maior parte dos aportes, segundo a empresa, foi feita em renovação e expansão de canavial. Em nota, a empresa disse que a geração operacional de caixa, que alcançou R$ 1,2 bilhão, permitiu a expansão desses investimentos.

Para a safra atual, a companhia espera aumentar novamente seu processamento de cana, para 27 milhões de toneladas, o que deve representar uma ocupação de 73% da capacidade instalada.

Em relatório sobre o desempenho geral na safra, a Atvos destacou que emitiu 764,32 toneladas de gás carbônico equivalente durante o ano de 2018. Esse resultado foi o equivalente a 36,4 quilos de gás carbônico por tonelada de cana moída, ante 38,3 quilos de gás carbônico por tonelada de cana moída na safra anterior. (Valor Econômico 30/07/2019 às 18h: 53m)