Aumento do ATR não reduz preocupação de fornecedores de cana
17-11-2022
Se não houver uma reação promissora do ATR, produtores terão dificuldades de fechar a safra e de chegar no próximo ciclo com os devidos tratos cultura
Por Editoria do Gazeta Rural
Apesar ter registrado um aumento de 8% em comparação ao mês passado, o ATR de outubro não foi capaz de amenizar o clima de tensão instalado entre os fornecedores de cana de Alagoas. Sem conseguir manter o equilíbrio financeiro dos custos de produção, a categoria teme uma possível quebradeira nas contas. O preço líquido do indicador em outubro chegou a R$ 1,2416.
“Esse aumento não resolveu o problema. O ATR subiu, mas foi muito aquém das nossas expectativas. Afinal, teve uma queda acentuada que chegou a 10%, no mês anterior. Agora, a subida foi de apenas 8%. Com isso, as contas continuam sem fechar. Esperamos que nos próximos meses possam haver reações com a entrada de mais comercializações de VHP. É preciso que o açúcar cristal e o etanol também consigam ter recuperação de preços para que possamos chegar a um patamar mais eficiente. Só assim seremos capazes de fechar as nossas contas. No momento, estamos quase chegando ao sinal vermelho”, declarou o presidente da Asplana e do Conselho de Produtores de Cana-de-açúcar e Etanol dos Estados de Alagoas e Sergipe (Consecana-AL/SE), Edgar Filho.
O dirigente do setor canavieiro alagoano, que representa mais de sete mil fornecedores do Estado, alerta que, se não houver uma reação promissora do ATR, os fornecedores terão dificuldades de fechar a safra atual da cana e de chegar no próximo ciclo com os devidos tratos culturais.
Edgar Filho ressaltou ainda que o setor passa por um ano atípico, com muitas pragas e chuvas. “Isso gerou prejuízos considerados para os canaviais e refletiu na questão de peso de tonelada de cana por hectare e de ATR. Na região Norte do Estado, por exemplo, estamos tendo uma das piores ATRs da história da cana-de-açúcar de safra. A ATR média está a 115, quando deveria estar em 140. Apenas isso já é uma grande perda. Ainda tem a questão da produtividade. No ano passado, fizemos 65 toneladas, por hectare. Neste ano, estamos com uma média de 53 toneladas por hectare. Vamos fazer uma safra menor com uma ATR de campo que culmina em preço menor. Isso reflete em uma situação dificílima para os fornecedores de cana”, reforçou.
Dados
Dados divulgados pelo Consecana-AL/SE apontam que o açúcar VHP – exportado para o mercado mundial – foi o produto que teve maior alta de preço no mix da cana no Estado. O saco passou de R$ 95,55 para R$ 112,27. Segundo o colegiado – com base nos dados fornecidos pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada/ Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/ Universidade de São Paulo (CEPEA/ESALQ/USP) –, o etanol também expressou uma reação que ajudou a puxar o preço do ATR. O metro cúbico do anidro subiu de R$ 3,044 para R$ 3,199. Neste cenário, o etanol hidratado também mostrou sinal de recuperação passando de R$ 2,448 para R$ 2,589.
“Em outubro, o ATR subiu com a entrada das primeiras comercializações do VHP, que antes só estavam sendo repetidas. Como o VHP tem peso de 46% em nosso mix, ele ajudou a elevar o ATR, além do etanol anidro e hidratado, que também tiveram uma alta de preço”, afirmou o presidente do Consecana AL/SE.
Por outro lado, entre os demais tipos de açúcar, todos tiveram recuo de preço em outubro. O saco do cristal caiu de R$ 144,21 para R$ 139,36. Já o VHP, comercializado com o mercado americano, teve uma redução de preço menos forte e passou de R$ 203,43 para R$ 202,62.
O preço médio dos produtos que fazem parte do mix do ATR em Alagoas também teve variação de alta e subiu de R$ 1,9445, em setembro, para R$ 2,1008 em outubro, com acumulado de R$ 2,0633.
Segundo o levantamento do Consecana, o valor líquido da cana padrão, que corresponde a 114,09 kg de ATR/tonelada cana, em outubro foi de R$ 141,6541 com acumulado de R$ 139,1213.
Gazeta de Alagoas

