Avanço da síndrome da murcha da cana alerta o setor produtivo no brasil
22-01-2025

Impactos chegam a reduzir até 45% na produção de cana-de-açúcar

A crescente disseminação da chamada Síndrome da Murcha da Cana (SMC) tem mobilizado o setor sucroenergético brasileiro em busca de soluções eficazes para conter os prejuízos. Pesquisadores do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), em parceria com a Syngenta e o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), apontam que a doença compromete significativamente a produtividade e a qualidade da cana-de-açúcar, representando uma ameaça à sustentação do setor.

Estudos recentes indicam que a SMC pode reduzir em até 25% o índice TCH (Toneladas de Cana por Hectare) e comprometer aspectos como o ATR (Açúcar Teórico Recuperável) e o índice de Brix, que avalia a pureza do caldo e o teor de sacarose. Na safra 2023/24, diversas regiões relataram perdas alarmantes, com reduções de produtividade chegando a 45% em áreas críticas.

Apesar de conhecida desde os anos 1960, a doença tem se espalhado rapidamente nos últimos anos, impactando estados produtores como Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Piauí, Mato Grosso e Tocantins. Os sintomas característicos incluem colmos murchos, coloração avermelhada ou marrom nos internos e, em casos graves, estruturas fúngicas visíveis nos tecidos afetados.

Desde 2021, grupos de pesquisa têm monitorado regiões afetadas para compreender as causas e elaborar estratégias de manejo. Estudos indicam que a doença é causada por fungos patogênicos como Pleocyta sacchari (sinônimo Phaeocytostroma sacchari), Fusarium spp. e Colletotrichum falcatum. Além disso, eventos climáticos extremos, como secas e oscilações de temperatura, têm contribuído para a evolução da doença.

Para Thales Barreto, Gerente de Marketing de Produtos Fungicidas da Syngenta, é essencial que toda a cadeia produtiva atue em conjunto para enfrentar o problema. "Precisamos unir pesquisa, manejo eficaz e o desenvolvimento de variedades resistentes para mitigar os impactos da doença e garantir a sustentabilidade do setor", reforça Barreto, comentando que a empresa tem liderado esforços no enfrentamento da SMC, coletando e analisando amostras de plantas sintomáticas em diversas regiões desde 2023.

Os estudos realizados em seu Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento, localizado em Holambra - SP, confirmaram a presença predominante de fungos como Pleocyta sacchari e Colletotrichum falcatum. Ele informa ainda que produto desenvolvido pela companhia tem demonstrado alta capacidade de controle contra os patógenos associados à doença. Essa tecnologia já possui registro para uso na cultura da cana-de-açúcar e é amplamente recomendada para manejo integrado.

A SMC afeta diretamente a cadeia de produção de açúcar e etanol, reduzindo os níveis de sacarose e comprometendo o crescimento das plantas. Atualmente, cerca de 30% da área de cana-de-açúcar no Brasil, aproximadamente 3 milhões de hectares, estão impactados.