Avanços no controle biológico impulsionam agricultura sustentável no Brasil
30-01-2025

Foto: SAA
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Instituto Biológico lidera desenvolvimento de cepas utilizadas em mais de 70% dos produtos microbiológicos do país

O Instituto Biológico (IB), vinculado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), tem se consolidado como um dos principais atores no avanço do controle biológico no Brasil. Com mais de duas décadas de pesquisas e inovação, a instituição tem impulsionado a adoção de práticas sustentáveis para o manejo de pragas, destacando-se pela parceria de sucesso com a empresa japonesa Toyobo.

A colaboração entre o IB e a Toyobo teve início há 20 anos, quando ambas as instituições passaram a desenvolver o fungo metarhizium como solução biológica para combater a cigarrinha-da-raiz na cana-de-açúcar. Essa iniciativa não apenas modificou a estratégia de manejo da praga, mas também alavancou o uso de produtos microbiológicos na agricultura brasileira.

Atualmente, mais de 70% dos produtos microbiológicos comercializados no país utilizam cepas desenvolvidas pelo IB. A cepa IBCB 425, por exemplo, é empregada em cerca de 2 milhões de hectares de cana-de-açúcar e aproximadamente 1 milhão de hectares de pastagens, tornando-se um dos principais agentes biológicos utilizados no agronegócio nacional.

A utilização de cepas biológicas como a IBCB 425 trouxe impactos expressivos para o setor. A substituição parcial de inseticidas químicos por bioinseticidas reduz custos de produção ao minimizar a dependência de moléculas importadas. Do ponto de vista ambiental, a prática diminui os riscos de contaminação, melhorando as condições de trabalho e promovendo uma agricultura mais segura e eficiente.

A Toyobo, que iniciou suas atividades no Brasil como indústria têxtil, direcionou seus investimentos para o setor biotecnológico e, atualmente, lidera a produção de esporos para defensivos biológicos, empregando mais de 500 pessoas. A empresa, com unidades em Salto e Americana (SP), desempenha um papel fundamental na disseminação da tecnologia de controle biológico pelo país.

O avanço das tecnologias de controle biológico impulsiona a evolução da agricultura regenerativa. Com a implementação crescente dessas soluções, estima-se que a redução no uso de defensivos químicos chegue a 30% nos próximos anos, podendo atingir 50% até 2050.

Para os pesquisadores do IB, José Eduardo Marcondes de Almeida e Ricardo Harakava, a parceria entre instituições de pesquisa e empresas privadas é essencial para a transformação do setor. A integração entre controle biológico, biofertilizantes e bioestimulantes está moldando uma nova era da agricultura, em que a produtividade caminha lado a lado com a sustentabilidade.

“Esse modelo de colaboração entre ciência e setor produtivo comprova que é possível aliar ganho econômico e preservação ambiental, promovendo um futuro mais equilibrado para o agronegócio brasileiro”, destaca Ana Eugênia, diretora-geral do Instituto Biológico.