Aviação precisa fechar lacuna de 100 milhões de toneladas de SAF até 2050
24-09-2025

Mundo precisa avançar com certificações e tecnologias para fechar lacuna de SAF até 2050 (Foto: Tobias Rehbein/Pixabay)
Mundo precisa avançar com certificações e tecnologias para fechar lacuna de SAF até 2050 (Foto: Tobias Rehbein/Pixabay)

Iata estima potencial de 400 milhões de toneladas de SAF até 2050, mas lacuna de 100 Mt desafia descarbonizaçao do setor

Por Nayara Machado

Para alcançar sua meta de neutralidade climática até 2050, a aviação civil internacional precisará de 500 milhões de toneladas de combustíveis sustentáveis (SAF, em inglês), o que pode ser alcançado do ponto de vista de matérias-primas disponíveis.

No entanto, o ritmo de implementação das diferentes tecnologias de biorrefino ainda é uma barreira.

Nesta terça (23/9), a Associação de Transporte Aéreo Internacional (Iata) divulgou um   estudo (.pdf)   em parceria com a Worley Consulting mostrando que, na avaliação global da disponibilidade de matéria-prima e do potencial de produção de SAF, cerca de 400 Mt podem ser produzidos em 2050.

É uma conquista importante, mas ainda faltam 100 Mt de SAF.

Fechar a conta, aponta a Iata, depende de avançar com certificações para ampliar o leque de biomassa sustentável apta ao biorrefino, assim como ganhos de eficiência e melhorias tecnológicas ao longo das próximas décadas.

Uma das recomendações é reforçar a infraestrutura da cadeia de suprimento de matéria-prima, expandindo novas fontes que atendam aos critérios de sustentabilidade.

Outra é acelerar a adoção de tecnologias para viabilizar a produção de combustíveis sintéticos (e-SAF), que dependem de acesso confiável a eletricidade renovável de baixo custo, hidrogênio e infraestrutura de captura de carbono.

No caso da biomassa, o potencial calculado é de 300 milhões de toneladas em 2050. Outros 200 Mt podem ser fornecidos por rotas que utilizam hidrogênio verde e CO2, o e-SAF.

“Em todos os cenários, para maximizar a produção de SAF, será essencial melhorar a eficiência de conversão, acelerar a adoção de novas tecnologias, aprimorar a logística de matéria-prima e investir em infraestrutura capaz de expandir instalações comerciais em todas as regiões”, diz a Iata.

Brasil na rota do etanol

América do Norte, Brasil, Europa, Índia, China e nações do sudeste asiático são os principais impulsionadores da produção global de SAF.

O Brasil ainda não produz o combustível em escala, mas está se preparando para isso. 

De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética, os investimentos anunciados atualmente levarão a uma oferta de 1,7 bilhão de litros em 2030 e cerca de 2,8 bilhões de litros em 2035.

O volume anunciado até agora será insuficiente para cumprir a legislação doméstica e o acordo internacional ao mesmo tempo, mas o relatório da Iata enxerga grande potencial no Brasil.

“O Brasil tem potencial para se tornar um grande produtor de SAF, alavancando seus vastos recursos de matéria-prima, especialmente do setor agrícola. Dada a sua indústria de etanol consolidada, cadeia de suprimentos madura e ampla experiência operacional na produção de etanol, espera-se que o Brasil favoreça a rota ATJ”, diz o documento.

A estimativa é que o país poderá fornecer mais de 120 Mt de biomassa para SAF até 2030 e 180 Mt até 2050, incluindo etanol, óleos, resíduos e culturas energéticas emergentes. 

Fonte: Agência Eixos