Bactéria do semiárido vira aliada no combate à seca nas lavouras
29-07-2025

Foto: Embrapa/Divulgação
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Hydratus, bioinsumo desenvolvido pela Embrapa e Bioma, promete estimular a produtividade mesmo com pouca água

Uma bactéria isolada de solos áridos do Ceará acaba de virar o ingrediente principal de uma nova tecnologia contra a seca que promete melhorar o desempenho das lavouras brasileiras. Batizado de Hydratus, o inoculante será lançado na próxima terça-feira, 5, durante o Congresso da Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav), em São Paulo (SP).

Produzido com a bactéria Bacillus subtilis, o Hydratus foi formulado para proteger as plantas em condições de escassez hídrica e ainda estimular seu crescimento, ao proporcionar raízes mais profundas em solos secos e levar nutrição para as plantas. O bioinsumo foi desenvolvido pela Embrapa Milho e Sorgo em parceria com a empresa Bioma e já possui registro no Ministério da Agricultura e Pecuária para uso na cultura da soja e vem sendo testado para aplicação em outras culturas.

De acordo com a estatal, o inoculante também consegue melhorar o desempenho de lavouras irrigadas. Estudos em áreas comerciais mostraram aumento de até 7,7 sacas por hectare na produção de milho e 4,8 sacas por hectare em lavouras de soja tratadas com o bioproduto.

O diretor de Pesquisa da Bioma, Artur Soares, destaca que o Hydratus reduz os efeitos negativos da escassez de água sobre as plantas, “ou seja, mantém a produtividade mesmo em condições ambientais desfavoráveis, quando não chove ou quando chove além do esperado”. Ele também chama a atenção para a sustentabilidade promovida pelo bioinsumo, aumentando a eficácia do uso da água na propriedade.

Segundo os pesquisadores da Embrapa, o diferencial do Hydratus está na seleção e concentração elevada de células de Bacillus, aliada a uma formulação inovadora com agentes protetores que favorecem a sobrevivência da bactéria no solo e prolongam a meia-vida do produto na prateleira.


Foto: Embrapa/Divulgação

“Diferentes exemplos de bactérias tolerantes à seca já foram descritos na literatura. Neste projeto, essas bactérias de solos foram isoladas de áreas sob baixa precipitação e selecionadas aquelas que apresentaram mecanismos de tolerância à seca em laboratório”, explica a pesquisadora Eliane Aparecida Gomes em nota. 

“Essa tecnologia chega como um grande suporte para os agricultores que lidam com os desafios crescentes das mudanças climáticas”, afirma o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia em exercício da Embrapa Milho e Sorgo, Alexandre Ferreira da Silva. “Com um olhar atento ao estresse hídrico, uma realidade que impacta cada vez mais as lavouras, essa inovação promete otimizar a produtividade e tornar a agricultura ainda mais sustentável”, frisa o gestor da Embrapa.

O Hydratus é resultado de oito anos de pesquisa e desenvolvimento dentro do projeto “Seleção e caracterização de microrganismos para mitigação dos efeitos da seca e promoção do crescimento de plantas”, coordenado pela pesquisadora Eliane Aparecida Gomes com a equipe da Embrapa.

Fonte: Estadão