Bactérias que ‘comem’ metano transformam gás poluente em adubo nos EUA
12-06-2025

Biorreator captura o metano produzido pela pecuária e agricultura e produz fertilizante
Biorreator captura o metano produzido pela pecuária e agricultura e produz fertilizante

Windfall Bio divulga os resultados do projeto-piloto com solução que promete reduzir emissões enquanto aumenta a eficiência operacional e a lucratividade de fazendas

Por Izabel Gimenez

Pouco mais de um ano após receber um aporte de US$ 28 milhões, cerca de R$ 140 milhões, a empresa americana Windfall Bio comemora a conclusão de um primeiro projeto-piloto com o seu biorreator, tecnologia que utiliza micróbios comedores de metano para produzir adubo.

Testado em duas fazendas na Califórnia, Estados Unidos, a Straus Family Creamery e a Correia Family Dairy, o equipamento cultiva microrganismos naturais, os chamados mems (micro-electro-mechanical systems), no seu interior, que capturam e se alimentam do metano presente no ambiente.

Nesse processo, o gás poluente se transforma em uma biomassa rica em nitrogênio, ideal para produção de fertilizante, que pode ser utilizados nas propriedades rurais ou comercializado. Caso o produtor não tenha interesse no subproduto, a Windfall garante a compra do material.

Os resultados do teste demonstraram vantagens tanto no aspecto sustentável quanto financeiro. Além de ajudar a reduzir as emissões de metano, gás responsável por 30% do aquecimento do planeta, ela ainda indicou potencial para aumentar a eficiência operacional e os lucros das propriedades.

Em pouco mais de um mês consumindo biogás de esterco bruto sem interrupções, os mems converteram mais de 85% do metano em fertilizante natural, sem necessidade de pré-tratamento do gás ou qualquer fonte externa de energia. A solução ainda foi capaz reduzir o mau odor e melhorar a qualidade do ar local.

Para Josh Silverman, cofundador e CEO da Windfall Bio, o sucesso do projeto-piloto é uma alternativa para os grandes varejistas de alimentos e seus fornecedores conseguirem reduzir suas emissões de Escopo 3, que ocorrem na cadeia de valor de uma empresa, mas não são de sua posse ou controle direto.

“Os resultados marcam um marco importante na escalabilidade da tecnologia de conversão de metano em valor, mostra que indústrias como a agricultura podem operar de forma mais eficiente e lucrativa ao reduzir sua pegada de metano”, afirma Silverman.

Uma empresa brasileira integra o time de investidores do projeto. Quando a Positive Ventures decidiu fazer o aporte em abril de 2024, o objetivo era encurtar o caminho para a chegada da Windfall ao Brasil. Agora, com os primeiros resultados em mão, Murilo Menezes, sócio da gestora, acredita que o plano de alcançar o mercado brasileiro está cada vez mais próximo. O público-alvo será produtores de cana, pecuaristas e empresas que operam aterros.

Fonte: Globo Rural