Baixa taxa de renovação, adoção de materiais antigos e alto índice de concentração varietal são obstáculos para a alta produtividade
25-11-2021

Índice plantio x colheita. Divulgação Centro de Cana do IAC
Índice plantio x colheita. Divulgação Centro de Cana do IAC

Índices de qualidade do setor sucroenergético do Centro-Sul foram divulgados durante 7ª Reunião do Grupo Fitotécnico de Cana IAC

Texto: Leonardo Ruiz

Na última terça-feira (23), o Centro de Cana do Instituto Agronômico (IAC) realizou a 7ª Reunião do Grupo Fitotécnico de Cana de 2021. Além de divulgar os resultados do Censo Varietal Safra 2021/22 do Centro-Sul do país, o pesquisador e coordenador do projeto, Rubens Leite do Canto Braga Júnior, apresentou alguns índices de qualidade gerados a partir desse trabalho.

O primeiro deles foi a relação de plantio X cultivo. Os dados indicaram que, ao contrário do que vinha ocorrendo desde 2015, houve um decréscimo de plantio em 2021 em relação ao ano anterior. Os motivos principais seriam a pandemia do novo Coronavírus (COVID-19) e os fenômenos climáticos adversos registrados ao longo do ano. “Mato Grosso e Minas Gerais foram os únicos que plantaram mais este ano do que em 2020. Nos demais estados, a média de retração variou de 8% no Paraná até 26% no Mato Grosso do Sul. No Centro-Sul como um todo, a diminuição de área plantada foi de 11%, salientou Rubens.

O segundo índice ponderou o estágio médio de corte dos canaviais. Os resultados obtidos revelaram que 2020 foi um ano muito bom em produtividade (TCH) mesmo com lavouras significativamente mais velhas (3,7 anos de média). “Isso mostra que não é apenas a idade do canavial que influencia na produção, mas também os tratos adotados e o ano agrícola.”

Desde 2017, o Centro-Sul se encontra acima da média limite de qualidade de estágio médio de corte, que gira entre 3,1 e 3,6 anos. Mato Grosso é o estado com os canaviais mais velhos (4,3 anos). São Paulo, Paraná e Minas Gerais são as regiões com as lavouras mais novas (3,6 anos).

Em seguida, Rubens falou sobre o índice de maturação varietal. Em média, a região Centro-Sul tem optado por variedades mais precoces, com destaque para os estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul. Já Espírito Santo, Mato Grosso, Paraná, Bahia e Tocantins ainda optam por tardias. “Nas últimas três safras, registramos aumento do ATR (kg/t cana) no CS. Não dá para afirmar essa relação, mas acredito que parte desse incremento tenha origem na maior utilização de materiais precoces.”

O quarto índice busca verificar a atualização varietal das unidades recenseadas. O coordenador do projeto afirmou que o setor tem encontrado dificuldades em avançar nesse quesito, pois ainda insiste na utilização de materiais antigos. “Os institutos de melhoramento não irão lançar uma variedade pior do que as que já estão liberadas. Por conta disso, é vital que as empresas comecem a adotar mais rapidamente esses materiais modernos, que são mais adaptados ao modelo de produção atual”, orientou.


Os dados do Censo apontaram que a média do segmento no Centro-Sul se encontra no nível não recomendado de atualização varietal desde 2013. Este ano, aliás, foi o segundo pior da série histórica, perdendo apenas para 2016. “A última vez que nos encontramos no nível recomendado foi em 2007. De cinco anos seguintes, figuramos no intermediário”, observou o pesquisador. De todos os estados produtores do Centro-Sul, São Paulo é o que possui o melhor nível. Mesmo assim, permanece no nível não recomendado. Espírito Santo e Mato Grosso são as regiões que registraram os piores números.


O último índice apresentado foi o de concentração varietal. O pesquisador do IAC afirmou que, desde 2012, a média do Centro-Sul tem mostrado que as unidades produtoras têm apostado demais em uma mesma variedade. “No entanto, desde 2017, temos observado contínuas melhoras nesse índice, que entrou no nível intermediário em 2018 e que, este ano, já se aproximou da excelência.” Minas Gerais aparece como o estado com melhor índice (42%). Já Espírito Santo e Paraná se destacam negativamente, com índices de concentração varietal de 200% e 108%, respectivamente.

Fonte: CanaOnline