Bancos exigem que Grupo Moreno venda suas três unidades sucroenergéticas
15-10-2020

Coplasa, a maior e mais moderna unidade do Grupo Moreno, localizada em Planalto, SP
Coplasa, a maior e mais moderna unidade do Grupo Moreno, localizada em Planalto, SP

Próxima assembleia geral dos credores do Grupo Moreno será 11 de novembro, há o temor que os bancos peçam a falência da empresa

A análise do pedido de recuperação judicial do Grupo Moreno tem apresentando bastante atrito entre seus credores. De um lado estão os bancos que defendem a venda das unidades do Grupo, do outro estão os fornecedores de cana e sindicato dos trabalhadores que são contrários à venda e temem que os bancos peçam a falência da Moreno.

O Grupo Moreno, que pediu recuperação judicial em setembro de 2019, é composto pelas empresas Central Energética Moreno Açúcar e Álcool, de Luiz Antônio (CEM), Central Energética Moreno de Monte Aprazível Açúcar e Álcool (CEMMA), Coplasa - Açúcar e Álcool Ltda, instalada em Planalto, SP, Agrícola Moreno de Luiz Antônio (AMLA), Agrícola Moreno de Nipõa Ltda. (AMN) e Planalto Bioenergia Spe.

OS BANCOS QUEREM SEMPRE MAIS

A primeira assembleia geral dos credores do Grupo Moreno ocorreu de forma on-line em 14 de agosto, a empresa apresentou um plano de recuperação judicial com a previsão de vendas de ativos, que se iniciava com a venda do projeto de cogeração, depois a capitalização com a venda de outros ativos, que poderia até ser uma unidade, no caso a CEM, mas isso, só no caso de o Grupo não estiver honrando a previsão do plano. 

 O plano não foi aceito pelos bancos e outra assembleia on-line foi marcada para acontecer em 4 de setembro, foi quando o Grupo apresentou novo plano de recuperação que colocava para venda a unidade de Luiz Antônio (CEM). Mas os bancos não aceitaram e o Santander, um dos principais credores apresentou um plano alternativo, propondo a venda das unidades CEMMA e COPLASA para a Cofco International, dona de uma unidade sucroenergética há 30 quilômetros de distância duas unidades da Moreno.

Mais uma assembleia foi marcada para 28 de setembro, dessa vez, o Grupo Moreno apresentou o plano judicial com a proposta de venda de duas unidades. No entanto, os bancos exigiram a venda imediata das três unidades. As discussões levaram para o desdobramento da assembleia para o dia 29 de setembro, como nada foi fechado, marcou-se a próxima assembleia (sempre onl-line) para o dia 11 de novembro.

FORNECEDORES DE CANA DO GRUPO MORENO ESTÃO APREENSIVOS

Do lado dos que não querem a venda das unidades do Grupo Moreno estão os fornecedores de cana, a maioria associados da Associação dos Plantadores de Cana e Outras Culturas da Região de Monte Aprazível (Aplacana), que conta com 500 associados, dos quais 85% fornecem para as unidades da Moreno de Monte Aprazível e de Planalto.

Juliano Goulart Maset, presidente da Aplacana, explica que a venda das unidades pode resultar em não pagamento das dívidas com os fornecedores de cana, pois o dinheiro irá para os bancos e para saldar as dívidas trabalhistas. Outro temor dos produtores de cana é a venda para a Cofco, o que irá extinguir a competição por cana na região de Monte Aprazível.

Maset alerta ainda que com a venda, poderá ocorrer o fechamento da CEMMA, o que provocará problema social em Monte Aprazível e região, em decorrência das demissões e redução na geração de impostos e renda. Assim, os fornecedores de cana da Morena estão apreensivos com a próxima assembleia, uma vez que, segundo Maset, os bancos podem até mesmo pedir a falência da empresa.

“Para nós, essa é a pior das hipóteses, porque aí acaba a possibilidade de recuperação do Grupo e a situação vai se arrastar ainda mais. Porém, corre o risco de isso acontecer. Os bancos estão irredutíveis, não levam em conta que a Moreno é uma empresa com estrutura, que tem realizado seus pagamentos, está cuidando dos canaviais, ou seja, tem feito sua parte para que a recuperação dê certo. O que eles precisam é de tempo para pagar suas dívidas. E isso os bancos não querem dar. “

Fonte: CanaOnline