Biocombustíveis: a bola está no pé do Brasil
10-12-2025

Demandas aumentam e políticas públicas, com base na Lei do Combustível do Futuro, impulsionam descarbonização dos transportes no país

BiocombustívelBG/BIUma janela de oportunidade está escancarada para o Brasil neste momento: a aceleração da produção e distribuição de biocombustíveis como alternativas viáveis aos combustíveis fósseis. Não apenas o etanol derivado do milho e da cana-de-açúcar, nosso já velho conhecido, mas também o biodiesel, o biogás e o biometano.

Isso porque as demandas (internas e externas) por fontes mais limpas de energia para o transporte, sobretudo pós-COP30, não páram de crescer. 

Dentro do país, por mais que a produção de etanol tenha alcançado o  recorde de 37,3 bilhões de litros na safra 2024/25, impulsionada pelo milho, um dado alarmante acaba de vir à tona: de acordo com o Inventário Nacional das Emissões de Veículos Rodoviários, divulgado pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente, as emissões de gases de efeito estufa (GEE)  por estes transportes cresceram 8% entre 2012 e 2024, um aumento de cerca de 189 milhões para 204 milhões de toneladas de carbono equivalente.

Isso significa que os esforços para a descarbonização nas estradas não estão sendo suficientes e há uma oportunidade crescente aqui para os biocombustíveis. 

Lei do Combustível do Futuro

As políticas públicas estão jogando a favor. Neste ano, com base na Lei do Combustível do Futuro, o governo implementou medidas importantes que pretendem colocar o país na liderança da transição para biocombustíveis avançados.

Entraram em vigor as novas misturas obrigatórias de biocombustíveis definidas pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE): a gasolina E30 – com 30% de etanol anidro, ante 27% anteriormente – e o diesel B15 – com 15% de biodiesel, ante 14%. Esta elevação para B15, segundo o Ministério de Minas e Energia, contribuirá para descarbonizar o transporte de carga, reduzindo emissões no setor rodoviário pesado, além de atrair R$ 5 bilhões em novos investimentos em usinas de biodiesel e plantas esmagadoras de soja, gerando cerca de 4 mil novos postos de trabalho.

Lembrando que os caminhões, que respondem por 60% da carga transportada no país, contribuem com cerca de 40% das emissões de carbono na atmosfera.

Está mais do que na hora de uma escalada na produção dos biocombustíveis no país, que hoje respondem por cerca de 25% da produção total. 

Porém, como se sabe, nem tudo é tão simples no Brasil. Para alcançar este protagonismo, o país terá que mostrar que pode, sim, produzir esta energia limpa no campo, mas sem aumentar o desmatamento e sem comprometer a segurança alimentar. Comida é comida, combustível é combustível. E floresta tem que continuar em pé.

Será que nosso agro vai topar o desafio? A conferir.

Mariana Sgarioni
Fonte: iG

Do site: Udop