Biodiesel B100 pode reduzir emissões em até 95%, diz laudo
14-06-2024

Caminhão Scania R 500 do Grupo Potencial rodou 50 mil quilômetros durante seis meses, abastecido com biosiesel B100
Caminhão Scania R 500 do Grupo Potencial rodou 50 mil quilômetros durante seis meses, abastecido com biosiesel B100

O biodiesel B100 tem demonstrado ser uma das soluções mais viáveis para a descarbonização do transporte rodoviário no Brasil.

Por João Geraldo

Embora ainda não esteja disponível comercialmente, seu uso tem apresentado resultados cada vez mais atrativos, especialmente na redução das emissões de CO2.

Recentemente, a engenharia da Scania homologou um laudo apontando que o biodiesel B100 emite até 95% menos gases poluentes. E, além disso, o combustível mantém o torque, desempenho e funcionamento do caminhão igual em relação ao uso do diesel fóssil.

O veículo utilizado no teste foi um Scania R 500 fabricado em 2019, de propriedade do Grupo Potencial. Originalmente, o caminhão tem motor Euro 5, mas para a experiência foi preparado para rodar com biodiesel B100. A transformação ocorreu na concessionária Scania Cotrasa, em Curitiba/PR. 

Caminhão rodou 50 mil quilômetros com B100

Após rodar seis meses e 50 mil quilômetros abastecido com biodiesel B100, e 47 toneladas de carga, o relatório apresentado pela Cotrasa apontou consumo 2,23% menor que o  caminhão movido ao diesel fóssil.

Outros dados do relatório indicam uma emissão de gases poluentes 95% menor. Por outro lado, houve maior intervenção nas trocas de filtros de combustível. Nesse quesito, as substituições do elemento ocorreram a cada 15 mil quilômetros.

Carlos Eduardo Hammerschmidt, vice-presidente do Grupo Potencial, afirmou que a manutenção do veículo a cada 30 mil quilômetros foi mantida durante os testes.

Por fim, as mudanças envolveram custos pouco acima de R$ 20 mil e o Grupo Potencial anunciou que deve converter outros 24 caminhões para operar com B100.

O Grupo é constituído pelas empresas Potencial Petróleo, Potencial Biodiesel, BWI Trading, BWT Transporte e Jeta Combustíveis.

Uso de biodiesel B100 precisa de autorização da ANP

O uso do B100 precisa de autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Por decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), desde abril deste ano o percentual obrigatório de adição de biodiesel ao diesel é de 14%, com previsão de aumento para 15% em 2025.

No entanto, caminhões abastecidos com biodiesel B100 já rodam no País. A companhia de grãos Amaggi, por exemplo, recebeu em maio deste ano um lote de 101 caminhões Scania movidos a biodiesel B100. São 100 unidades do modelo 500 R 6×4 Super e uma do modelo 500 R 6×2 Super.

Caminhões Scania abastecidos com Biodiesel B100 entregues para a Amaggi

A Amaggi produz seu próprio biodiesel B100 em fábrica instalada em Lucas do Rio Verde/MT, a partir de óleo degomado de soja. A capacidade de produção da empresa é de 338 mil m³ de biodiesel por ano.

A descarbonização é um projeto dentro da estratégia de negócios e sustentabilidade da Amaggi. A empresa tem autorização para o uso experimental de biodiesel B100 desde 2013, destaca Claudinei Zenatti, diretor de Logística e Operações da Amaggi.

O executivo acrescenta que a entrega desses caminhões deu início à operação da frota rodoviária movida a B100.

Os caminhões da Amaggi movidos a B100 vão operar no trecho entre o Norte de Mato Grosso e o terminal de Miritituba, no Pará, transportando grãos. A base da frota rodoviária da empresa fica em Matupá/MT, onde os caminhões também são abastecidos com o B100.

Caminhões movidos a biodiesel B100 sob consulta

Volvo também já oferece caminhões movidos a biodiesel B100. Entretanto, a comercialização está condicionada a uma análise prévia de seu departamento de engenharia. A empresa desenvolveu um motor exclusivo baseado nos atuais Euro 6 da marca, permitindo ao transportador optar por diferentes proporções de biodiesel, desde o atual diesel B14 até o diesel puro B100.

Embora o volume de clientes ainda seja pequeno, a Volvo reafirma sua visão de contribuir para a descarbonização do transporte rodoviário. A opção do B100 está disponível apenas para os modelos Volvo da linha FH, que também podem ser abastecidos com o B14. 

De acordo com o GHG Protocol (protocolo que fornece padrões e orientações sobre gases de efeito estufa), a troca do diesel pelo biodiesel deve reduzir em aproximadamente 99%as emissões de CO2. E finalmente, o biodiesel B100 ainda é restrito aos veículos fabricados para essa especificação.

Fonte:  Transporte Mundial