Biosev tem prejuízo de R$ 353 milhões
16-08-2016

 

A sucroalcooleira Biosev, controlada pela francesa Louis Dreyfus Company e dona de 11 usinas no Brasil, registrou no primeiro trimestre da safra 2016/17 (encerrado em junho) um prejuízo líquido de R$ 353,3 milhões, 5,9% maior que o resultado negativo do mesmo período do ciclo passado.

Em parte, as perdas foram derivadas do aumento da provisão para imposto de renda e contribuição social, que cresceu 47% na base anual, para R$ 305,4 milhões. Antes dessa conta, o resultado era negativo em R$ 47,9 milhões, 60% menor do que no mesmo trimestre da safra 2015/16.

Além disso, o resultado financeiro, excluído o efeito da variação cambial, foi negativo em R$ 290 milhões. Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, essa despesa aumentou 138,4%, refletindo uma realização de posições de instrumentos derivativos, que custou R$ 137,4 milhões, e o aumento das despesas com juros, que subiram 27% no período, para R$ 171,9 milhões.

Rui Chammas, presidente da Biosev, afirmou ao Valor que o resultado líquido também foi influenciado pela concentração dos custos de produção no início da safra. "O primeiro trimestre ainda não teve o seu custo diluído na produção, que vem em uma crescente, o que acaba impactando de forma transitória o resultado", afirmou o executivo. O custo dos produtos vendidos aumentou 21,5% na comparação anual, somando R$ 1,6 bilhão.

No lado operacional, a companhia elevou sua receita em 22,7%, alcançando R$ 1,672 bilhão no período, enquanto o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado caiu 23%, para R$ 140 milhões.

No segundo trimestre, a Biosev elevou os volumes de venda de açúcar e etanol, aproveitando os preços mais remuneradores dos dois produtos. Já a receita com cogeração encolheu por conta da desvalorização dos preços da energia elétrica e da redução da entrega de energia ao mercado.

De acordo com Chammas, a melhora dos indicadores operacionais, como o aumento da produtividade dos canaviais, da quantidade de açúcar total recuperável (ATR) e do avanço da moagem de cana "é fundamental porque vai se transformar em valor na colheita do segundo e terceiro trimestres, que é quando o resultado da safra se forma".

O executivo anunciou ainda que a Biosev começou a investir R$ 5,9 milhões no trimestre atual em "desgargalos industriais" para aumentar a capacidade de produção de açúcar a partir do potencial existente de moagem em suas usinas em Minas Gerais e em Mato Grosso do Sul.

Hoje, a companhia tem capacidade para produzir 2,5 milhões de toneladas de açúcar por safra, que deverá subir 3,2%, permitindo que o percentual da cana que a companhia pode destinar para a produção do produto passe de 57% para 59%. O aporte deve ser concluído antes do início da safra 2017/18.