BIOSEV teve prejuízo trimestral de r$ 230,6 milhões
14-02-2019

A Biosev, empresa sucroalcooleira controlada pela francesa Louis Dreyfus Company, encerrou mais um trimestre com prejuízo, apesar dos esforços para reduzir custos. No 3º trimestre da safra 2018/19, o resultado negativo ficou em R$ 230,6 milhões, 17,3% menor que o do que no mesmo período do ciclo passado. Desde o início da safra, a companhia acumula prejuízo de R$ 892,6 milhões, alta de 8,4%.

Os resultados foram pressionados pelas despesas com atividades de exportação de commodities, realizadas para lastrear pagamentos de dívida em dólar e que, embora tenham garantido o aumento da receita, pesaram no custo geral.

Apenas a receita com exportação de commodities somou R$ 343 milhões no trimestre, o que garantiu que a receita líquida (excluindo efeitos da contabilidade de hedge) alcançasse R$ 1,6 bilhão, alta de 5,7%. Sem essa atividade, a receita teria caído, já que as vendas de açúcar renderam R$ 401,4 milhões, com um recuo de 51,9%. As vendas de etanol subiram 26,4%, para R$ 754,5 milhões, enquanto a receita com cogeração a partir do bagaço cresceu 23,5%, a R$ 113,7 milhões.

Os negócios com commodities implicaram um custo adicional de R$ 338,2 milhões no trimestre – linha inexistente no balanço do mesmo trimestre da safra passada. Considerando apenas as atividades sucroalcooleiras, porém, o custo caixa do trimestre ficou em R$ 650,5 milhões, alta de 4,2%.

Sem contar a revenda e os efeitos de hedge, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da Biosev no terceiro trimestre recuou 19,8%, a R$ 471,6 milhões. A margem Ebitda cedeu 5,8 pontos percentuais, a 38,47%.

Ainda assim, Juan José Blanchard, presidente da Biosev, disse ao Valor que a companhia está "no caminho certo em busca de maior eficiência operacional e geração de caixa, que é nosso maior foco", e realçou a queda do custo unitário no acumulado da safra – que cedeu 2,2%, a R$ 595 mil por tonelada de sacarose – e a redução de despesas administrativas.

Para acelerar a execução do plano de eficiência operacional, a Biosev contratou um consórcio de consultorias formado por Datagro, Alvarez & Marçal e AMI Brasil para avançar na otimização das áreas agrícola, de gestão administrativa e de gestão de recursos humanos, respectivamente. Elas devem prestar consultoria até março de 2020. "A decisão foi para acelerar a captura de oportunidades para trazer os resultados no curto prazo", ressaltou Blanchard.

A Biosev ainda sentiu um relativo alívio em seu resultado trimestral com a redução das despesas financeiras com juros e do peso positivo da variação cambial.

No fim do trimestre, a companhia detinha em caixa R$ 904 milhões (a maior parte em dólar), 5,1% acima do registrado no fim do trimestre anterior, por causa das vendas maiores com etanol e de antecipação de exportação. Com isso, a dívida líquida da Biosev variou pouco ao longo do trimestre, uma queda de 3,2%, conduzindo a alavancagem a 3 vezes.

Por Camila Souza Ramos

 


Fonte: Valor Econômico