BNDES vai financiar esmagadora de soja da Copasul
01-02-2024

Presidente da Copasul, Adroaldo Taguti, diz que processamento de soja deverá gerar uma receita adicional de R$ 3 bilhões — Foto: Divulgação
Presidente da Copasul, Adroaldo Taguti, diz que processamento de soja deverá gerar uma receita adicional de R$ 3 bilhões — Foto: Divulgação

Banco emprestará R$ 800 milhões para construção, que exigirá aporte de R$ 1 bilhão

Por Rafael Walendorff — Brasília

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai financiar R$ 800 milhões do projeto da Cooperativa Agrícola Sul-Mato-Grossense (Copasul) de construir sua primeira indústria de processamento de soja, em Naviraí (MS). A reportagem havia antecipado a informação sobre o projeto em setembro do ano passado.

A unidade terá capacidade para processar 3 mil toneladas do grão por dia e deverá produzir 730 mil toneladas de farelo de soja, 185 mil toneladas de óleo degomado e 33 mil toneladas de casca peletizada por ano. A expectativa é que as obras comecem em março deste ano e que a fábrica comece a operar em 2026.

O financiamento envolve recursos do Plano Safra 2023/24 e também dinheiro próprio do banco. A operação conta com R$ 13 milhões no âmbito do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), R$ 23 milhões do Programa de Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de Valor à Produção Agropecuária (Prodecoop) e R$ 764 milhões na linha incentivada do Finem. O investimento total na planta será de R$ 1 bilhão — a Copasul vai aplicar R$ 200 milhões de seu caixa no projeto.

O financiamento foi feito diretamente com o BNDES, sem a participação de outra instituição financeira como intermediária. O diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do banco, José Luis Gordon, disse que esse tipo de operação reduz as despesas dos clientes e tem sido incentivada pela cúpula.

“Quem tem faturamento de mais de R$ 80 milhões pode vir diretamente ao BNDES pegar seu apoio. Isso diminui o custo de expansão do agro e da industrialização com a agregação de valor”, afirmou Gordon.

A operação de empréstimo está em fase de consolidação das garantias. Elas serão estruturadas e apresentadas ao longo do ciclo evolutivo de desembolsos, para fechamento das negociações.

Os custos financeiros e os prazos da operação variam de acordo com os diferentes instrumentos que o BNDES utiliza. No caso da parcela do financiamento associada ao Finem, o custo baseia-se na Taxa de Longo Prazo (TLP), que atualmente corresponde a IPCA mais 5,48% ao ano e spread, com prazo de pagamento de 144 meses. Já os recursos vinculados ao PCA têm juros fixos de 8,5% ao ano, com reembolso em 144 meses, e os vinculados ao Prodecoop têm taxas de 11,5% ao ano, com prazo de 120 meses.

“Essa operação faz parte da agenda estratégica do banco, que é apoiar a armazenagem e a neoindustrialização. Estamos ajudando o setor agroindustrial”, completou Gordon.

Maior investimento da história da Copasul, que completou 45 anos recentemente, o processamento de soja deverá gerar faturamento adicional de R$ 3 bilhões ao ano. Esse aumento equivale a quase 50% das receitas da cooperativa, que foram de R$ 5,8 bilhões no ano passado, quando a central movimentou 1,2 milhão de toneladas de soja, de acordo com o presidente-executivo Adroaldo Taguti.

A Copasul também vai investir outros R$ 400 milhões para aumentar sua capacidade de armazenagem estática. O financiamento do projeto será com recursos de Banco do Brasil, Caixa e Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). A central vai ampliar oito unidades armazenadoras no Estado, além de investir na construção de outra estrutura do gênero no complexo industrial da nova fábrica.

Fonte: Globo Rural