Boletim da Bioeletricidade elaborado pela UNICA traz avaliação da geração de energia elétrica pelo setor sucroenergético nos últimos 10 anos
28-07-2020

Desde 2013, o setor sucroenergético produz bioeletricidade utilizando bagaço e palha mais para a rede elétrica nacional do que para o consumo próprio das usinas

* Zilmar de Souza

Em 2019, a produção de total de bioeletricidade no setor sucroenergético foi de 36.827 GWh, crescendo 1.392 GWh ou 3,9% em relação a 2018. A oferta de energia elétrica para a rede foi de 22.509 GWh, representando um crescimento anual de 4,3% e a geração para o autoconsumo das usinas sucroenergéticas foi 14.318 GWh, um aumento de 3,4% em relação a 2018, conforme consta de recente levantamento da UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar).

Desde 2013, o setor sucroenergético produz bioeletricidade utilizando bagaço e palha mais para a rede elétrica nacional do que para o consumo próprio das usinas canavieiras. A bioeletricidade sucroenergética ofertada para a rede chegou a crescer 32,5% entre 2012 e 2013, porém, entre 2016 e 2019, o crescimento médio não passou de 2% ao ano.

De acordo com o levantamento, a geração de bioeletricidade sucroenergética acumulada nos últimos 10 anos foi de 309.412 GWh, equivalente ao consumo anual somado de energia elétrica das Regiões Norte, Sudeste e Centro-Oeste do país. Essa produção de bioeletricidade acumulada também é equivalente a suprir de energia elétrica, por 11 anos, a cidade da cidade de São Paulo (a mais populosa do continente americano, com mais de 12 milhões de habitantes).

Atualmente, o Brasil utiliza somente 15% do potencial de geração de energia elétrica pelo setor sucroenergético. Segundo a EPE (2020), dentre as 366 usinas a biomassa de cana-de-açúcar em operação em 2019, 220 comercializaram eletricidade (60% do total de usinas). Dessa forma, havia um total de 146 usinas que ainda não oferta excedentes de energia elétrica para a rede (40% do total em operação em 2019), mostrando o potencial de geração renovável e sustentável de energia elétrica presente no setor sucroenergético brasileiro.

O setor elétrico brasileiro passa por um momento de discussão em torno de sua modernização, com a promessa de valorizar mais adequadamente os atributos das diversas fontes de geração no país, o que para a bioeletricidade da cana passa por valorizar apropriadamente atributos como sua geração renovável evitando emissão de gases de efeito estufa, a firmeza e previsibilidade de sua geração estável (não-intermitência), a produção perto dos centros de consumo e complementar à fonte hídrica, dentre outras externalidades.

*Zilmar de Souza - Gerente de Bioeletricidade da Unica