Boletim do Sistema TempoCampo/Esalq de setembro aponta neutralidade climática e melhora para culturas perenes
02-09-2025

Análise destaca chuvas abaixo da média no centro do país, risco no Rio Grande do Sul e cenário positivo para café, citros e cana em 2026
Por Andréia Vital
O novo boletim climático do Sistema TempoCampo/Esalq, divulgado nesta segunda-feira (1º), traz uma leitura abrangente sobre as condições de chuva, umidade do solo e temperatura nos últimos meses, além das perspectivas para o próximo trimestre e o impacto do fenômeno El Niño/La Niña na agricultura brasileira.
Segundo o professor Fábio Marim, do Departamento de Engenharia da Esalq/USP, julho foi marcado por chuvas irregulares, com redução significativa em agosto. O cenário resultou em umidade do solo bastante baixa em quase todo o Sudeste, Centro-Oeste e boa parte do Nordeste — condição considerada típica para esta época do ano.
A primeira quinzena de setembro deve registrar precipitações modestas no estado de São Paulo e volumes mais expressivos no Paraná, Mato Grosso do Sul, Pará e litoral do Nordeste. Em contrapartida, regiões como Goiás, Tocantins e o Matopiba tendem a permanecer praticamente sem chuva.
Para setembro como um todo, os modelos climáticos nacional e norte-americano convergem para um quadro de chuvas na média, com destaque positivo para o Sul, especialmente Paraná. Em outubro, no entanto, os mapas indicam chuvas abaixo da média no Rio Grande do Sul e no Pará, com maior incerteza no Mato Grosso. Novembro reforça esse alerta: Rio Grande do Sul, extremo norte e parte de Santa Catarina e Paraná apresentam risco de estiagem, enquanto Minas, Bahia e Goiás podem ter um cenário mais favorável.
Temperatura e impactos agrícolas
O trimestre deve registrar temperaturas mais próximas da média histórica, com exceção de setembro, que ainda pode apresentar anomalias de até 1,5ºC acima do normal. Para outubro e novembro, a previsão é de equilíbrio térmico.
Essa condição é vista como positiva para culturas perenes, como café, citros, pastagens e cana-de-açúcar, que tendem a sofrer menos estresse térmico. Segundo Marim, a safra 2026/27 já se beneficia desse alívio, ao contrário do ciclo 2025/26, prejudicado pelo forte calor e déficit hídrico do ano passado.
O boletim também avaliou a evolução dos fenômenos oceânicos. A expectativa é de que a atual neutralidade climática seja mantida, com uma La Niña de curta duração e baixa intensidade entre outubro e dezembro.
Na prática, isso significa baixo impacto nas chuvas do Sul, Norte e Nordeste, regiões mais sensíveis a esse tipo de oscilação. O El Niño, por sua vez, está praticamente descartado até meados de 2026, com probabilidade inferior a 10%.
A análise de dados de campo mostra que as temperaturas deste ano ficaram mais próximas das médias históricas, reduzindo o estresse sobre lavouras permanentes. O contraste é forte em relação a 2024, quando o excesso de calor impactou negativamente a produtividade de canaviais, cafezais e pomares.
A perspectiva para a safra 2026 é, portanto, mais otimista, condicionada, contudo, ao comportamento das chuvas no verão.
Para assistir ao boletim, clique aqui https://youtu.be/b0eSfrcdnzk?si=j1gH-FUZGWeqNB94