Bolsa de NY reabre sustentada por chuva no Brasil, mas pode corrigir
01-06-2016

A chegada de uma frente fria a áreas produtoras do Centro-Sul do Brasil deve dar suporte aos futuros de açúcar demerara nesta terça-feira na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), que reabre após o feriado de Memorial Day nos Estados Unidos. Mesmo assim, uma devolução dos ganhos recentes não está descartada em razão do mais recente relatório da Comissão de Comércio de Futuros de Commodities (CFTC).

De acordo com o commitments divulgado sexta-feira (27), fundos e especuladores detinham um saldo comprado recorde de 284.210 lotes em 24 de maio, 5.165 lotes a mais na comparação com a semana imediatamente anterior. O balanço, porém, mostrou especuladores reduzindo sua exposição (de 54.661 para 51.111 lotes), indicando enfraquecimento do movimento iniciado na virada de fevereiro para março.

Uma eventual correção nesta terça-feira, porém, não tende a alterar a trajetória de alta para a commodity. Além das chuvas em regiões produtoras do País nesta semana, com relatos já confirmados de colheita paralisada, há problemas logísticos no embarque do açúcar pelos portos de Santos e Paranaguá, "atolados" com o escoamento de soja. Segundo Arnaldo Luiz Corrêa, diretor da Archer Consulting, "hoje existe uma fila equivalente a quase 2 milhões de toneladas de açúcar a serem embarcadas, volume que é o dobro do ano passado neste mesmo período". "Com isso, embora ainda de maneira tímida, o basis apreciou", acrescentou.

Na avaliação de Corrêa, o mercado deve corrigir antes de continuar a subir, mas deve chegar a 20 cents a 21 cents por libra-peso no vencimento março/2017 no último trimestre deste ano. Por ora, os futuros trabalham com suporte inicial nos 17,50 cents/lb e resistência nos 17,59 cents/lb, máxima da semana passada.

Na sexta-feira, julho subiu 10 pontos (0,57%) e encerrou em 17,52 cents/lb. Outubro ganhou 5 pontos (0,28%) e terminou em 17,68 cents/lb. O spread julho/outubro está em 16 pontos de prêmio para o segundo contrato da tela.

O Indicador de Açúcar calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) fechou a segunda-feira em R$ 76,95/saca (+0,76%). Em dólar, ficou em US$ 21,52/saca (+1,61%). A moeda norte-americana ficou em R$ 3,5783 (-0,89%).

Conforme o centro de estudos, a alta registrada pelos futuros em Nova York na última semana fez com que as exportações da commodity pelos produtores brasileiros voltassem a remunerar mais que as vendas internas após quase sete meses. Entre 23 e 27 de maio a remuneração no exterior foi 1,95% maior que as negociações no spot paulista, algo que não ocorria desde a segunda quinzena de outubro. Enquanto a média semanal do Indicador de Açúcar Cristal Cepea/Esalq foi de R$ 76,22/saca, as cotações do contrato para julho na Bolsa de Nova York equivaleriam a um preço médio de R$ 77,71/saca.