Bons preços servem de alento para a safra de cana do Nordeste
15-04-2016

Seca deve reduzir 11 milhões de toneladas de cana no Nordeste em relação à safra anterior

*Alexandre Andrade Lima

A safra 2015/16 da cana nordestina foi bastante afetada pelo fenômeno climático El Niño. Ele aquece as águas do Oceano Pacífico e provoca muita chuva na região Sul do Brasil e seca no Nordeste. Este fenômeno já é considerado um dos maiores da história. Com isso, deve haver uma redução de 11 milhões de toneladas de cana no Nordeste relacionada à safra anterior. Estima-se apenas 51 milhões de toneladas na safra atual, diferente das 62 milhões de toneladas de cana da produção anterior.

Um alento para o setor canavieiro da região são os bons preços do açúcar, álcool e da matéria-prima. O preço do açúcar quase dobrou de valor. Chegou a R$ 100 este ano. Ele era comercializado em média a R$ 60 em 2015. Iguais valores são observados na positiva variação do preço da tonelada de cana (subiu de R$ 60 para R$ 100). O álcool hidratado saiu de R$ 1,30 (sem impostos) para R$ 2,00.

Todavia, apesar dos bons preços, infelizmente não existe mais matéria-prima para fornecer às usinas em função dos terríveis efeitos da seca sobre a safra. Além disso, os produtores de cana convivem com grandes dificuldades financeiras em decorrência da falta de pagamento da cana por parte de algumas usinas da região.

Para a próxima safra, há perspectivas da manutenção dos bons preços praticados hoje. O cenário deriva da continuação do déficit de açúcar no mercado mundial. Porém, há preocupação com os preços internacionais do petróleo, os quais estão bem baixos. É preciso que o governo federal mantenha a atual política do preço de petróleo em longo prazo, não acompanhando os preços do mercado mundial. Mas, se ele baixar o valor da gasolina, a ação interferirá nos preços do açúcar e da cana, porque, consequentemente, amplia a concorrência com o etanol, reduzindo seu consumo e incentivando a produção maior de açúcar, o que acarreta efeitos negativos aos mercados.

Contudo, diante da difícil conjuntura política/institucional e econômica vivida no Brasil, é improvável que o governo baixe o preço da gasolina em consonância ao mercado internacional do petróleo. A hipótese se fundamenta com base nos reflexos financeiros negativos que a ação desdobraria sobre o caixa da Petrobras.
Portanto, baixar o valor da gasolina é uma iniciativa equivocada e não deve ser adotada. Além disso, existe ainda toda visibilidade da ação diante da conjuntura de desdobramentos da operação Lava Jato, da Justiça e Política Federal, que investiga muita corrupção na empresa.

*Alexandre Andrade Lima,presidente da AFCP (Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco) e da Unida (União Nordestina dos Produtores de Cana)

Veja matéria completa na editoria Tecnologia Mecanização, edição 31 da revista Digital CanaOnline. No site www.canaonline.com.br você pode visualizar as edições da revista ou baixar grátis o pdf.
Mas se quiser ver a edição com muito mais interatividade ou tê-la à disposição no celular, baixe GRÁTIS o aplicativo CanaOnline para tablets e smartphones - Android ou IOS.