Brasil avança na agenda do carbono com proposta para a COP30
02-07-2025

Simpósio latino-americano reúne especialistas e apresenta ação estratégica para restaurar áreas degradadas com foco em solo, clima e segurança alimentar
O Rio de Janeiro sediou, entre os dias 25 e 28 de junho, o Simpósio Latino-Americano e Caribenho sobre Pesquisa de Carbono do Solo (LAC Soil Carbon) 2025, reunindo autoridades, pesquisadores e especialistas de diversos países para debater a centralidade do solo nas estratégias climáticas e no futuro da agricultura sustentável. O evento compõe a quarta etapa da Trilha da COP 30, com vistas a consolidar propostas técnicas e políticas para a Conferência do Clima que ocorrerá em 2025, no Brasil.
Durante os três dias de discussões, representantes do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) participaram ativamente das atividades, que abordaram temas como sequestro de carbono, saúde dos solos, segurança alimentar e tecnologias regenerativas na agricultura. O simpósio buscou fortalecer o intercâmbio técnico-científico e fomentar soluções regionais diante dos desafios globais relacionados às mudanças climáticas e à produção agrícola resiliente.
Um dos momentos mais relevantes foi a apresentação da proposta RAIZ – Resilient Agriculture Implementation for Net Zero Land Degradation, coordenada pelo Mapa com apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) e em parceria com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). A iniciativa pretende acelerar o financiamento internacional voltado à recuperação de áreas degradadas, com impactos diretos na segurança alimentar, biodiversidade, mitigação das mudanças climáticas e no combate à desertificação.
“Essa agenda está alinhada ao Balanço Global do Acordo de Paris, aprovado na COP28, e será apresentada formalmente à comunidade internacional na COP30, mostrando o protagonismo do Brasil em pautas sustentáveis”, afirmou Bruno Brasil, diretor do Departamento de Produção Sustentável e Irrigação do Mapa. Ele também destacou os avanços científicos derivados da iniciativa internacional ‘4 por 1000’, lançada na COP21, que impulsionaram o desenvolvimento de metodologias mais precisas para a contabilização do carbono no solo.
Segundo o diretor, esses avanços permitirão, em um futuro próximo, que o setor agropecuário se beneficie da valorização das remoções de carbono por meio de mercados ambientais, como os créditos de carbono. Isso representa um novo horizonte para a agricultura brasileira, que alia produtividade, sustentabilidade e inovação tecnológica.
O evento foi organizado pela Embrapa, em parceria com instituições acadêmicas e científicas como o Centro de Pesquisa de Carbono na Agricultura Tropical (CCARBON/USP), a Universidade Federal de Goiás (UFG), a Associação Rede ILPF e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia - Agricultura de Baixo Carbono (INCT-ABC). Também contou com o apoio da Iniciativa Internacional “4 por 1000” e do Consórcio Internacional de Pesquisa de Carbono do Solo (IRC).
Integrado à Trilha da COP 30, o simpósio é um dos diversos encontros promovidos pelo Mapa ao longo do ano, com o objetivo de construir uma base técnica sólida para embasar as decisões e compromissos do Brasil durante a Conferência do Clima. Esses eventos também estimulam o uso de tecnologias agrícolas de baixo carbono e promovem o desenvolvimento sustentável da agropecuária em escala global.