Brasil pode ter estiagem no Sul e invernada no Centro-Oeste durante a safra
25-10-2025

Expectativa é que o fenômeno seja fraco e de curta duração, mas ainda asim pode interferir nas lavouras

Por Marcos Fantin — São Paulo

Mapas de chuva indicam o avanço das precipitações ao longo dos próximos meses no Brasil — Foto: Rural Clima

 

La Niña está ativo desde o início de outubro e deve permanecer pelos próximos meses, com expectativa de influenciar o clima e, consequentemente, os trabalhos de campo no Brasil.

La Niña confirmado. O que isso significa?

 

A expectativa é que o fenômeno seja fraco e de curta duração, com perda de forças durante o primeiro trimestre de 2026. Porém, de acordo com a consultoria Rural Clima, não se descartam possíveis ocorrências de invernadas e estiagens no país.

Novembro

Chuva acumulada em novembro no Brasil

Foto: Rural Clima

A partir de novembro, a previsão indica que as chuvas vão se espalhar pelo interior do Brasil, cada vez com maior volume e frequência. De acordo com a Rural Clima, áreas de São Paulo, Minas Gerais e Bahia terão precipitações acima da média no mês.

Por outro lado, há a possibilidade de alguns períodos mais secos entre São Paulo, Paraná e Mato Grosso, além de áreas isoladas do Rio Grande do Sul.

Como no geral a chuva deve se estabelecer, a consultoria espera que o plantio da safra de verão avance positivamente pelas principais regiões produtoras. Na região Sul, há a possibilidade de que a chuva até paralise os trabalhos de colheita do trigo, especialmente entre o norte do Rio Grande do Sul e do Paraná. Por outro lado, na maior parte das áreas do Estado, a expectativa é que chova menos em relação a outubro.

Para Carolina Giraldo, analista de inteligência de mercado da StoneX, as chuvas acima da média podem beneficiar culturas como sojamilho e café, mas, por outro lado, podem prejudicar a cana-de-açúcar devido à alta nebulosidade, além de aumentar o risco de doenças fúngicas pela umidade recorrente.

As chuvas devem chegar também ao Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), região onde não tem chovido o suficiente. A avaliação da Rural Clima é que as chuvas sejam irregulares, principalmente em áreas do Piauí e do Maranhão, mas de certa forma, as condições serão melhores do que nas últimas semanas.

Dezembro

Chuva acumulada em dezembro no Brasil

Foto: Rural Clima

Em dezembro, as chuvas devem se intensificar ainda mais entre as regiões Sudeste e Centro-Oeste com o estabelecimento do verão. “As chuvas vão ocorrer de maneira mais frequente e em bons volumes”, informa o boletim da Rural Clima.

A consultoria cogita a possibilidade para invernadas na região central do Brasil já ao longo do mês de dezembro. O evento climático é caracterizado por dias de chuvas prolongadas, volumosas e abrangentes, que inibem a radiação solar. As condições são favoráveis para o desenvolvimento de doenças fúngicas.

Para as áreas do Matopiba e do Norte, as chuvas também se intensificam, mas a previsão é que se mantenham abaixo da média histórica para o mês.

De acordo com a Rural Clima, a chance para estiagem é baixa no sul de Mato Grosso do Sul, em São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Por outro lado, há risco de secas no Rio Grande do Sul, onde deve chover abaixo do normal.

Segundo a analista da StoneX, o La Niña desloca os ventos de oeste para latitudes mais ao sul, o que reduz a entrada de frentes frias no sul da América do Sul e favorece bloqueios atmosféricos.

“O resultado é um aumento de seca e calor em regiões como o Sul do Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina, justamente durante a primavera e o verão, períodos críticos para culturas como milho e soja”, detalha Carolina Giraldo.

Janeiro

Chuva acumulada em janeiro no Brasil

Foto: Rural Clima

Para janeiro, os corredores de umidade ficam concentrados na região central do país, pontua o boletim. O cenário deve favorecer chuvas frequentes e até risco para invernadas, o que preocupa para o inicio da colheita da soja em algumas regiões do Brasil.

As chuvas ganham força também em todo Matopiba e região Norte. Em áreas de São Paulo e Mato Grosso do Sul, além do norte do Paraná, a condição será de chuvas recorrentes, embora com tendência de que fiquem abaixo da média. “Atenção para áreas produtoras da região Sul com condições para um período de menos chuvas, abaixo da média, e maior risco para estiagens”.

Temperaturas

As temperaturas devem ficar muito próximas da média ou pouco acima em boa parte das regiões em novembro. O destaque fica para as regiões Centro-Oeste e Norte, onde o calor será forte, com predomínio do sol e períodos de tempo seco, quando não houver precipitações.

Há também uma tendência de temperaturas abaixo da média para as regiões Sudeste e parte do Sul, o que significa uma condição mais úmida e até com maior nebulosidade.

O cenário deve se alterar em dezembro, quando as temperaturas ficarão dentro do padrão, principalmente por conta das condições para chuvas recorrentes na porção central do Brasil.

Fonte: Globo Rural