Brigada 4.0 revoluciona combate a incêndios nos canaviais com tecnologia, inteligência artificial e ação estratégica
14-04-2025

Gerente agrícola da Bp bioenergy apresenta resultados do projeto que reduziu severidade e frequência de incêndios nas unidades operacionais da empresa
O combate a incêndios nos canaviais vem ganhando um novo aliado: a tecnologia. Durante o 12º Encontro Técnico com o Setor Sucroenergético, realizado no auditório da Canaoeste, em Sertãozinho-SP, no dia 11 de abril, o superintendente agrícola da Bp bioenergy, Alex Frank Ravasio Squinca apresentou os resultados do projeto Brigada 4.0, uma estratégia integrada que vem revolucionando a forma como os incêndios são prevenidos, detectados e combatidos nas 11 unidades da empresa em São Paulo e Minas Gerais.
Desenvolvido em 2021, sob a liderança do gerente de mecanização agrícola Mário Salani, o programa é baseado em quatro pilares: prevenção, detecção rápida, combate ágil e segurança operacional. O objetivo é reduzir drasticamente a frequência dos focos de incêndio e sua severidade, garantindo resposta imediata e precisa sempre que um foco for detectado.
“O incêndio pequeno é mais fácil de controlar. Por isso, nosso esforço está em detectar o mais cedo possível e agir com precisão. Tudo isso feito com segurança, por pessoas capacitadas, equipamentos modernos e apoio de tecnologia”, explicou.
Squinca informou que o primeiro pilar é a prevenção. Neste sentido, a empresa adotou, desde 2022, ações padronizadas de limpeza e manejo da vegetação em áreas sensíveis, como margens de rodovias e linhas de energia. As intervenções começam ainda no período chuvoso, garantindo que todas as áreas estejam protegidas quando chega a estiagem. Cada unidade passa por auditorias mensais para assegurar a execução e qualidade do plano preventivo, conduzido pelo setor de Meio Ambiente.
No caso do segundo pilar, a detecção rápida é feita através de um monitoramento 24h por dia, com inteligência artificial. “Um dos principais diferenciais do projeto Brigada 4.0 está no sistema de monitoramento inteligente por torres com câmeras de 360 graus. Atualmente, são cerca de 40 torres operando, interligadas a salas de monitoramento centralizadas em São José do Rio Preto, onde profissionais treinados operam em regime 24/7 durante todo o ano”, informou o superintendente.
As câmeras são equipadas com inteligência artificial desenvolvida em parceria com uma empresa de tecnologia, capazes de identificar colunas de fumaça com precisão em um raio de até 50 quilômetros, mesmo à noite ou sob neblina. “Hoje conseguimos detectar com mais agilidade que os próprios bombeiros”, destacou.
O sistema de detecção também é treinado para diferenciar fumaça real de outros elementos como poeira de veículos ou emissão de vapor de indústrias próximas. “Quanto mais o sistema é utilizado, maior é sua precisão”, afirmou.
Segundo Squinca o terceiro pilar é o combate ágil, com resposta em menos de 20 minutos. “A resposta rápida é garantida por uma frota de mais de 120 veículos (entre caminhões e utilitários) e uma equipe de mais de 300 profissionais treinados anualmente, tanto internamente quanto com empresas especializadas. As brigadas são posicionadas estrategicamente com base em análise geoespacial e estatística histórica de ocorrência de incêndios”, comentou.
A meta é que o tempo médio de deslocamento até o foco do incêndio não ultrapasse 20 minutos. Para isso, são utilizadas ferramentas de georreferenciamento, roteirização e mapas atualizados de áreas críticas.
Os veículos são equipados com tanques de água, geradores, motores-bomba, espuma retardante, sopradores, abafadores e máscaras de fuga. Além disso, as cabines foram automatizadas para que os brigadistas não fiquem expostos sobre o caminhão, aumentando a segurança da operação. “Posicionamos os caminhões com base em dados. Se sabemos que uma área pega fogo todo mês de junho, por que não antecipar? Nossa estratégia é agir antes que o problema comece”, explicou.
Já o quarto pilar, um dos mais estratégicos da Brigada 4.0, está estruturado na análise e melhoria contínua através de dados para decisões mais inteligentes. Cada ocorrência é registrada com informações detalhadas: hora do alerta, origem da informação, tempo de deslocamento, duração do combate e tempo de rescaldo. Com base nesses relatórios, é possível realizar auditorias, refinar os processos e aplicar as chamadas "lições aprendidas" anualmente.
De acordo com o superintendente, os resultados são expressivos. Antes de 2021, a média era de 70 hectares queimados por incêndio. Atualmente, o número varia entre 15 e 20 hectares por ocorrência, demonstrando a eficácia do novo modelo. Além disso, a frequência de incêndios também diminuiu, mesmo diante de condições climáticas adversas.
“A tecnologia é apenas uma parte. O que realmente faz a diferença é a combinação entre pessoas bem treinadas, dados de qualidade e planejamento estratégico. Esse é o caminho para proteger nossas áreas e garantir operações sustentáveis”, concluiu.