Cachaças e aguardentes premiadas esperam ampliar mercado
26-11-2024

1ª edição do Concurso de Avaliação da Qualidade reconheceu melhores bebidas produzidas em MG

Por Michelle Valverde

A primeira edição do Concurso de Avaliação da Qualidade das Cachaças de Alambique e Aguardentes de Cana Mineiras – Cachaças Mineiras/2024, realizado na última semana, reconheceu as melhores bebidas do Estado. Os vencedores, além de terem o trabalho valorizado e divulgado amplamente, estão otimistas com a possibilidade de abrir novos mercados e até mesmo expandir a produção. O produtor da Cachaça Buraco de Curral – 3 Madeiras, Halyson Avelino Gusmão, conquistou o 1º lugar na categoria Cachaça de Alambique Armazenada.

O certame, promovido pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), contou com a participação de 132 produtores de várias regiões mineiras, sendo 23 deles agricultores familiares. Ao todo, foram 19 produtores premiados, sendo 15 de cachaça e quatro de aguardente.

Por ano, são fabricados cerca de 50 mil litros da Cachaça Buraco de Curral – 3 Madeiras, que são vendidos para diversas partes do País. Conforme Gusmão, produzir cachaça é uma tradição familiar, que foi iniciada pela bisavô e repassada para as demais. Devido aos desafios da produção, como a legalização da atividade, hoje a Buraco de Curral é produzida em parceria com o mestre alambiqueiro Arnaldo Ribeiro, da Cana Brasil. 

“Minha família está envolvida na cachaça desde 1930, quando meu bisavô ingressou na produção. Hoje, produzo juntamente com o Arnaldo, que é mestre alambiqueiro e criou um blend da Buraco de Curral com três madeiras. Gostamos do resultado e nos inscrevemos no concurso. Ser premiado é muito gratificante, um reconhecimento do trabalho que fazemos voltado para a qualidade da bebida”, comemora.

Expansão

Ainda conforme o vencedor, após o anúncio da premiação, houve um aumento substancial na procura pela cachaça, o que mostra a grande visibilidade do prêmio. A expectativa é positiva. Em 2025, Gusmão pretende retomar a produção na cidade de Ladainha e, para isso, está investindo na formação do canavial, em equipamentos e também na regularização da produção. A iniciativa será importante para ampliar o volume disponível da cachaça e atender à demanda, que tende a crescer. 

“Nossos planos são audaciosos e com o prêmio vimos o horizonte se abrir. Já recebemos muitos contatos de Norte a Sul do Brasil. Não esperava uma repercussão tão grande em tão pouco tempo”, confirma. 

Cachaça Requinte do Emboque

Outra cachaça premiada foi a Requinte do Emboque, que conquistou o 1º lugar na categoria Cachaça de Alambique. A bebida é produzida por Sebastião Morais Bartolomeu e o sócio, Daniel de Assis, em Raul Soares. O volume anual gira em torno de 15 mil litros por ano.

“Nosso alambique é artesanal, de mão de obra familiar. O Sebastião produz cachaça há mais de 30 anos. Há sete anos, nos tornamos sócios e regulamentamos o alambique. Nossas vendas ainda são pequenas. Nos últimos 4 anos, aprendemos que precisamos guardar a cachaça para chegar ao patamar de extrema qualidade e conquistar prêmios. Ao armazenar por mais tempo, conseguimos agregar valor. Vendemos em Raul Soares, Viçosa e em Belo Horizonte”, aponta.

Para Assis, o concurso é importante para gerar maior visibilidade para a cachaça e abrir novas opções de mercado. “A premiação no concurso já trouxe visibilidade para a  Requinte do Emboque, apesar da gente estar começando agora com uma estrutura muito pequena. Recebemos mais de 100 mensagens após o prêmio, nunca tinha vivido isso antes. Estamos como uma estrela na região”, comemora.

Gameleira Prata é a melhor Aguardente de Cana e melhor Aguardente de Agricultor Familiar

O concurso da Emater-MG também premiou a melhor aguardente de Minas Gerais. O vencedor foi o produtor familiar Hermelino Alves da Silva Júnior, que juntamente com a esposa, Dosângela Alves Moreira, e o irmão, Aelso Alves da Silva, produzem e comercializam a Aguardente Gameleira Prata. A Gameleira também foi classificada como a melhor Aguardente de Agricultor Familiar.

“Por ano, produzimos de 15 mil a 20 mil litros da Gameleira Prata. Nossa produção tem tradição de mais de 100 anos, passou do meu avô para o meu pai e está comigo há 30 anos. Este foi o primeiro concurso que participei e, também, pela primeira vez, vencemos”.

Silva Júnior explica que a preocupação com a qualidade ao longo de todo o processo de fabricação foi o segredo para que a Gameleira se destacasse. “Para ter a qualidade, tem que começar com os cuidados desde o plantio, investindo em variedades boas e resistentes de cana-de-açúcar e também ter muita higiene na fabricação”, ensina.

As expectativas são positivas para o futuro da aguardente, que hoje é vendida na loja fisíca da família, Art & Cachaça, e também em Belo Horizonte. “Com a premiação, acredito que o comércio da Gameleira vai melhorar muito. Agora, depois da premiação, pretendo colocar a bebida à venda também nas redes sociais”, acrescenta.

Fonte: Diário do Comércio