Caminhoneiros anunciam nova greve hoje
23-04-2015

Por pressão de grandes empresas, principalmente as ligadas ao agronegócio, o governo rompeu um acordo com caminhonesiro e decidiu não criar uma tabela com valor mínimo para o frete.

O rompimento levou líderes de caminhoneiros autônomos a anunciar uma paralisação geral da categoria a partir desta quinta-feira (23). A categoria já havia parado em março para pressionar o governo a sancionar modificações na lei dos caminhoneiros e criar a tabela.

Após quase dois meses de negociações entre representantes do governo e dos caminhoneiros, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, anunciou que o governo não faria uma tabela de frete mínimo, criando apenas uma tabela referencial. Associações de grandes empresas se posicionaram oficialmente contra a tabela de frete mínimo.

Após o anúncio, cerca de 50 representantes da categoria saíram da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) aos gritos de "o Brasil vai parar". Vários deles já se articulavam com outros líderes por mensagens nas redes sociais para iniciar a mobilização da categoria.

Os caminhoneiros são contra a tabela referencial porque ela existe desde 2000 e nunca foi cumprida. A planilha separa os custos por distância, e os valores variam de R$ 0,13 a R$ 0,05 por tonelada/km, a depender da distância, valor próximo ao cobrado atualmente.


Negociações

Desde a greve em março, governo, caminhoneiros e empresários formaram um grupo de trabalho para estudar a tabela. A Folha apurou que foram criados textos para uma MP, um decreto e uma resolução para frete mínimo.

Mas a iniciativa foi vetada pela Casa Civil. O ministro Rossetto tentou explicar aos caminhoneiros que o governo considerava que a tabela de frete mínimo seria inconstitucional e não funcionaria por não haver formas de fiscalizar o preço.

Ele ainda apresentou reivindicações dos caminhoneiros atendidas recentemente e disse que haveria uma mesa de negociação com empresários. Mas os caminhoneiros rejeitaram a ideia.

"É sempre em benefício de políticos e grandes grupos. Não aceitamos a [tabela] referencial de jeito nenhum", afirmou Diego Mendes, caminhoneiro autônomo da região Nordeste.

Para o ministro, a maioria dos caminhoneiros reconhece as conquistas alcançadas após a greve e só há desacordo sobre a tabela de frete.

Dimmi Amora