Cana / São Martinho: clima afeta perspectiva de moagem, com produção menor neste ano-safra
19-06-2024

Ilustração
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O diretor Financeiro da São Martinho, Felipe Vicchiato, citou o clima seco no último verão no Brasil e no início da safra 2024/25 na região Centro-Sul para justificar a perspectiva de moagem de cana-de-açúcar menor nesta temporada em comparação com a de 2023/24. "O clima afetou o guidance (projeções) da cana", disse ele, ontem à tarde (18), durante teleconferência para apresentação dos resultados do quarto trimestre da temporada 2023/24. "O atual cenário de estiagem está incluído no nosso guidance para a safra", acrescentou.

De acordo com o guidance divulgado pela São Martinho, haverá queda de 2,9% na moagem de cana-de-açúcar, de 23,06 milhões de toneladas na temporada 2023/24 para 22,4 milhões de toneladas na 2024/25. Vicchiato ponderou que o recuo na produção será maior entre os contratados, o que contribuirá para reduzir custos da companhia. "Será uma safra mais econômica em termos de custos", afirmou.

Na teleconferência, Vicchiato destacou que o ATR médio será maior, de 140,9 quilos/tonelada, contra 136,8 kg/t do ano-safra anterior, o que será possível por ganhos de eficiência no processo produtivo. O diretor financeiro também avaliou que a safra 2024/25 terá três fases bem diferentes, com recuo na produtividade ao fim dela. "Esperamos queda de produtividade na parte final da safra de cana", disse.

Açúcar

O Brasil será o "fiel da balança" em relação ao preço do açúcar ao longo dos próximos meses, na visão do diretor Financeiro da São Martinho, Felipe Vicchiato. Ele observou na teleconferência que uma produção menor do País poderá alterar a atual tendência de preços em queda. "Os preços do açúcar podem reagir se a produção brasileira não for boa", disse.

Com três sessões consecutivas de queda na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), o vencimento outubro terminou ontem (18) em 18,99 centavos de dólar por libra-peso. Vicchiato disse, porém, enxergar o mercado com muita incerteza, com avaliações diferentes sobre se haverá déficit ou superávit da oferta global de açúcar e em quais volumes.

Diante das dúvidas e das avaliações díspares, a São Martinho trabalha, hoje, com 80% da sua produção de açúcar com preço fixado. Além disso, a companhia acredita que ainda levará algum tempo para um indicativo sobre qual será o nível de produção do País nesta temporada. "A caminhada da produção de açúcar do Brasil deverá estar mais clara em setembro", acrescentou Vicchiato.

Leandro Silveira

Fonte: Broadcast