Cana volta a remunerar agricultor pernambucano após anos no negativo
10-03-2017

Valor, porém, não cobre os prejuízos acumulados no passado e os novos com a seca

faepeDepois de anos seguidos, apesar da seca, o preço da cana-de-açúcar associado à sua produtividade média por hectare voltou a remunerar o agricultor de Pernambuco. Na média, levando em consideração o modal padrão verificado nos canaviais do Estado, que ficou em 45 ton/hectare, o produtor recebeu livre R$ 4,20 por toneladas. Apesar do baixo valor, o resultado foi muito bem recebido pelas entidades canavieiras (AFCP e Sindicape), porque inverte os valores negativos observados nas safras anteriores. Os dados, que compõem os novos estudos da Cepea/Esalq, a pedido da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em relação aos custos da produção canavieira por Estado, foram apresentados na Federação da Agricultura do Estado (Faepe) nesta quarta-feira (8).

Este valor, no entanto, podia melhorar em caso da produtividade maior. O potencial produtivo é o principal indicador para definir a remuneração, que depende de várias variáveis como investimentos no campo, outros custos de produção, relevo, água e etc. A estiagem e a falta de políticas públicas de irrigação, por sua vez, reduziram a produtividade. Com o padrão de 45 ton/hectare, o que é considerado baixo, remunerou-se R$ 4,20. E o valor só ficou assim por conta das políticas de bonificação das usinas, que, puxadas pela elevação do bônus pago pelas usinas geridas por cooperativas de canavieiros, a exemplo da Coaf/Crunagi, o prêmio médio por cada tonelada fornecida variou entre R$ 10 e R$ 12. O bônus é uma premiação paga pelas usinas ao seu fornecedor de cana. A Coaf liderou esta bonificação. O valor médio foi de R$ 17. Já na Paraíba, sem tais bonificações, o valor médio pago pela cana ficou negativo (R$ – 8).

Já em algumas propriedade pernambucanas onde a produtividade da cana por hectare foi de 60 toneladas, o lucro foi de 25,51 por tonelada. Isso, no entanto, observou-se só em canaviais de médios produtores, que correspondem a menos de 5% do setor canavieiro em PE, já que 95% dele é formado por pequenos e agricultores familiares. “Todos os canaviais precisam e podem atingir a produtividade maior, mas é preciso que o poder público ajude em política de irrigação frente à seca e que as usinas, além daquelas cooperativadas, melhorarem o bônus da cana”, diz Alexandre Andrade Lima, presidente da AFCP. O agricultor inclusive já conta com as políticas de redução dos custos de produção com o mix vendido pela Cooperativa de Agronegócio dos Fornecedores de Cana.

A coleta e geração dos dados do levantamento de custos de produção da cana em PE referente à safra 2016/2017 foi de responsabilidade da CNA, em parceria com o Cepea e Pecepe (da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de SP). O presidente da Faepe, Pio Guerra, acompanhou a apresentação dos dados, os quais servem de base para orientar o produtor na gestão da propriedade e na tomada de decisões para o setor, inclusive para pleitos aos governos.