Canaviais pedem chuva
16-10-2020

Entramos na segunda quinzena de outubro e as chuvas chegam tímidas na região Centro-Sul, aliviando muito pouco a sede dos canaviais

Poucas chuvas, esse é o cenário climático do ano de 2020 na região Centro-Sul do Brasil. “Já em março havia sinais de déficit hídrico em canaviais”, informa Marcos Landell, diretor do Programa Cana do IAC.

A estiagem prolongada também é comentada pelo produtor e pesquisador Sérgio Quassi de Castro, da AgroQuatro-S Experimentação Agronômica Aplicada, localizada em Salles de Oliveira, SP, e que conta com 1200 hectares de cana. Sérgio observa que o ano foi bastante adverso, que as chuvas praticamente cessaram na segunda quinzena de abril, a seca se estende de maio até o momento, e os canaviais apresentam um déficit hídrico de 170 milímetros.

Os efeitos da seca refletem no desenvolvimento dos canaviais. “Já observamos retração no rendimento de áreas que estão sendo colhidas em algumas regiões do Centro-Sul”, analisa o diretor técnico da UNICA, Antonio de Padua Rodrigues. De acordo com os dados preliminares do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), para uma amostra de 90 unidades, o rendimento da lavoura em setembro indicou queda de 1,40% ante o índice apurado em mesmo mês do ciclo anterior (71,97 toneladas por hectare colhido versus 72,99 toneladas por hectare colhido). “Trata-se de um índice preliminar obtido com amostra reduzida, mas já indica uma mudança no cenário observado até o momento”, acrescenta Rodrigues.

Setembro foi quente além do normal e seco na maior parte das Regiões Sudeste, Centro Oeste e Nordeste intensificando o déficit hídrico nos solos. O mapa da anomalia ilustra as precipitações abaixo do normal em quase todo o país no último mês. É o que salientam os especialistas em agro do Itaú BBA. As temperaturas médias foram até 7 graus Celsius superiores ao normal no Sul de MG e Noroeste paulista, enquanto que na maior parte do país foi entre 3 e 5 graus acima.

Os climatologistas previram tempo seco na maior parte do Brasil (exceções são RS e SC) até o dia 10/out, além de altas temperaturas assim como nas últimas semanas, elevando o stress hídrico às culturas perenes no Sudeste (café, laranja, cana e pastagens) e segurando o início do plantio no Cerrado neste início de outubro.

Mas anunciaram que a condição mudaria com o bloqueio atmosférico perdendo força por volta do dia 10 permitindo o retorno das chuvas no Sudeste, Centro Oeste, Norte e partes do Sul. E as chuvas começam a chegar, porém muito tímidas, aliviando muito pouco a sede das lavouras.

A previsão é de que as chuvas devem aumentar ao longo da segunda quinzena do mês, permitindo o avanço do plantio e alívio da seca, além de previsão de queda das temperaturas extremas. No entanto, já há um alerta de que o fenômeno climático La Niña pode influenciar para que haja um verão com menor volume de chuva.

Fonte: CanaOnline