Canavial com e sem palha. O que muda na flora daninha?

28-05-2015

Mecanização da colheita implicou em mudanças nas espécies de plantas daninhas encontradas nos canaviais. Como será essa mudança quando o recolhimento parcial da palha for intensificado nas usinas?

Leonardo Ruiz

Até o início dos anos 1990, a flora daninha dos canaviais era composta, basicamente, por Brachiárias, Capim-Colchão, Capim-Colonião, Pé-de-Galinha, Tiririca, Grama-Seda, Capim-Carrapicho, Picão-Preto e Caruru. Essas espécies se beneficiavam das características encontradas no solo daquele tempo, época em que a palha da cana-de-açúcar era queimada.

Com a mudança do sistema de colheita para máquinas e cana crua, é correto afirmar que o ambiente dos canaviais foi modificado. Agora, um colchão de palha permanece sobre o solo (variando de 5 a 15 ton/ha, dependendo da variedade), alterando o microclima da área, o que resulta em mudanças de umidade, temperatura e amplitude térmica.
O pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Carlos Alberto Mathias Azania, explica que qualquer mudança na forma manejo, seja de colheita, espaçamento ou densidade, implicará, posteriormente, na alteração da flora daninha. “Isso ocorre, pois, quando se tem uma cultura instalada sobre um solo, se tem algumas condições específicas de luz, umidade e temperatura, sendo que são esses fatores que, em conjunto, irão determinar quais são as plantas daninhas que vão estar presentes ou não nesse canavial”.

Cenário mecanizado com palha

Azania afirma que qualquer alteração a essas características irá beneficiar algumas espécies e prejudicar outras. “A presença da palha ocasionou uma diminuição da variação da temperatura do solo durante as 12 horas do dia. Além disso, a quantidade de água disponível e a absorção de luz aumentaram significativamente. Isso fez com que tivéssemos um predomínio de espécies que nem imaginávamos que um dia teríamos que lidar, como as Cordas-de-Viola.

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