Canavial envelhecido = menor produtividade
28-11-2016

De 2010 a 2013, quando as taxas de plantio foram altas, obteve-se a elevação da produtividade de 68 t/ha para 80 t/ha

A safra 2016/17 deixa uma herança amarga para o próximo ciclo. De acordo com Luiz Carlos Carvalho, diretor da Consultoria Canaplan, embora a situação das empresas não seja a mesma, várias usinas e produtores de cana enfrentaram problemas financeiros graves nos últimos anos, que resultou em menor investimento nos canaviais. O ápice desse quadro foi acompanhado no ciclo 2016/17, em que o aporte de investimentos, segundo o Itaú BBA, somente para a manutenção dos níveis de produtividade geral esteve 25% abaixo do recomendado. “Esta informação nos ajuda a entender porque a safra foi abaixo”, dispara.

O plantio (renovação de áreas), que é uma fonte fundamental para a produtividade do canavial, é uma das operações do processo agrícola que sofreu reflexo da crise do setor. De 2010 a 2013, quando as taxas de plantio foram altas, obteve-se a elevação da produtividade de 68 t/ha para 80 t/ha. Em contrapartida, de 2014 a 2016 houve forte queda no plantio: em 2015 plantou-se dois terços do que fora plantado em 2013; já até 1º de outubro de 2016, plantou-se dois terços do plantado em 2015.

E a equação é simples e implacável. Se não há renovação do canavial, ele envelhece e perde em produtividade. De acordo com Caio, a produtividade agrícola no Centro-Sul registrada no ciclo 2015/16 foi de 83 t/ha, com idade média do canavial de 3,3 anos. Já no ciclo 2016/17, a produtividade, até 1º de outubro, estava em 81 t/ha, com idade média de 3,4.

Portanto, como a renovação foi baixa em 2016, na safra 2017/18 o canavial estará mais velho, indicando para o risco de continuidade do ritmo de queda da produtividade.

Além disso, com canaviais envelhecidos e a melhora da rentabilidade, deverá ser prioridade aumentar o percentual de plantio de cana, o que exigirá elevação do consumo de mudas – ou seja, boa parte da cana-planta que poderia ser moída irá para a renovação –, e os canaviais mais velhos serão reformados, reduzindo a cana para moagem. “Até março do ano que vem deveremos atingir de 17% a 18% de renovação, voltando aos patamares históricos. Mesmo as empresas não capitalizadas vão correr atrás, porque agora é o momento de se plantar cana”, afirma Dib Nunes.

“O share da cana-planta tem grande responsabilidade sobre a produtividade do canavial, assim como a idade média. E ambos, para a safra 2017/18, contribuirão para a redução da produção”, afirma Caio.

Para ele, a redução da área de colheita é certa, não tem como ser diferente pela necessidade de o produtor renovar seus canaviais envelhecidos. Quanto à menor produtividade agrícola, as chuvas podem fazer a diferença. “Irrigação natural, com boas chuvas ao longo da safra... melhorariam a produtividade, mas, como se viu, podem piorar os índices de qualidade! Mas já se fala em clima ‘normal’ para o próximo ano.”

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