Canavieira é a lavoura que mais utiliza óleo diesel. E seu alto preço eleva o custo de produção da cana, açúcar e etanol
29-09-2021

Setor sucroenergético busca alternativa ao diesel para abastecer a frota. O biometano proveniente de plantas de biogás, como essa da Raízen, é uma ótima opção
Setor sucroenergético busca alternativa ao diesel para abastecer a frota. O biometano proveniente de plantas de biogás, como essa da Raízen, é uma ótima opção

A média do consumo de diesel em uma operação produtiva de etanol no Brasil é de 107 litros por hectare. Apenas uma colhedora de cana-de-açúcar gasta em média 60 litros de óleo diesel para colher um hectare de cana

Nesta quarta-feira, (29) entrou em vigor mais um aumento no preço do diesel, anunciado pela Petrobras ontem (28). Com o reajuste, o preço médio de venda do diesel para as distribuidoras passa de R$ 2,81 para R$ 3,06 por litro, refletindo reajuste médio de R$ 0,25 por litro. Antes desse aumento, o preço médio do litro de diesel nos postos era de R$ 4,707, com esse aumento deve chegar aos R$ 5,00.

O valor mais alto do diesel impacta negativamente as atividades agrícolas, principalmente o setor sucroenergético, pois, a lavoura canavieira é quem mais utiliza óleo diesel envolvendo o abastecimento de caminhões, tratores e máquinas agrícolas, utilizados nas operações de preparo de solo, plantio, tratos culturais, colheita e transporte.

É preciso lembrar que a colheita de cana acontece 24 horas por dia, por pelo menos sete meses durante o ano. E que uma colhedora de cana-de-açúcar gasta em média 60 litros de óleo diesel para colher um hectare (ha) de cana. Considerando o atual preço do óleo diesel em torno de R$ 4,70 por litro (antes do último aumento), esta colhedora gastará, somente com combustível, em torno de R$ 282,00 por hectare colhido. Colhendo em média 10 ha por dia, o gasto diário com combustível será superior a R$ 2.820,00.

Wilson Agapito, coordenador do Grupo de Mecanização do Setor Sucroenergético (Gmec), informa que a média do consumo de diesel em uma operação produtiva de etanol no Brasil é de 107 litros por hectare, ou 1,56 litros por tonelada de cana.

Mas o uso do diesel na operação, causa outro impacto negativo ao etanol, além do custo de produção. A queima do diesel utilizado em caminhões, tratores e máquinas agrícolas, aparece com um dos principais geradores de emissões no ciclo produtivo sucroenergético. É estimado que para cada litro de etanol produzido, cerca de 359 gramas de CO2 equivalente são emitidos à atmosfera, de forma direta ou indireta. Deste total, aproximadamente 65 gramas se devem exclusivamente à queima do diesel utilizado nesses equipamentos.

O setor busca alternativas para substituir o óleo diesel em suas frotas, e o uso do biogás proveniente da vinhaça, torta de filtro e bagaço, aparece como uma ótima alternativa. As primeiras a viverem esta experiência serão a Raízen e a Cocal, que implantaram fábricas de biogás a partir dos co-produtos da cana.

Com isso, além de reduzir a dependência do diesel, e consequentemente o custo de produção, aumentarão a descarbonização do processo, o que lhes renderá mais Créditos de Descarbonização (CBios) para comercializarem.

Fonte: CanaOnline